Igreja/Abusos: D. Nuno Almeida assinala importância da cooperação entre instituições, para «disponibilizar pessoas e programas de acompanhamento»

Bispo auxiliar de Braga encerrou seminário dedicado ao tema

Foto: D. Nuno Almeida (Facebook)

Braga, 05 mai 2023 (Ecclesia) – D. Nuno Almeida assinalou hoje a importância de a Igreja Católica estabelecer parcerias com instituições da sociedade civil, falando no encerramento do Seminário ‘Cuidado e Proteção de Menores e Pessoas Vulneráveis’, da Universidade Católica Portuguesa, em Braga.

“Para além da disponibilidade, por parte da Comissão de Proteção de Menores e Pessoas Vulneráveis da Arquidiocese, para acolher e acompanhar as vítimas, urge disponibilizar pessoas e programas de acompanhamento psiquiátrico e psicoterapêutico, bem como de acompanhamento espiritual e de reconciliação para as vítimas que o desejarem”, disse o bispo auxiliar da Arquidiocese de Braga, numa intervenção enviada à Agência ECCLESIA.

A Universidade Católica Portuguesa (UCP) dinamizou, esta manhã, o seminário ‘Cuidado e proteção de menores e pessoas vulneráveis’, com o intuito de ajudar a refletir sobre a temática dos abusos, e criar uma “relação mais vital” entre as diversas estruturas que têm a obrigação de proteger e cuidar de menores e pessoas vulneráveis.

É necessário e urgente promover transversalmente em todos os níveis e instituições da ação eclesial, uma pastoral integral, caracterizada pela atenção, prevenção e intervenção”:

Para D. Nuno Almeida, que teve a palavra final deste encontro, é “absolutamente necessária” a criação de uma “bolsa de técnicos” e de acompanhadores espirituais, neste abrir caminhos de reconciliação e de cura “a favor de quantos foram abusados”, aperfeiçoar os mecanismos que já existem e “tentar a cooperação” entre as Comissões Diocesanas e as Comissões de Proteção de Crianças e Jovens – CPCJ de cada concelho.

Neste sentido, acrescentou que “é necessário manter um canal de comunicação com o Ministério Público ou Polícia Judiciária”, e poderá ser “muito útil” encontrar formas de colaboração com a APAV, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, que, por exemplo, tem um protocolo com a organização da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023.

A atenção e cuidado com as vítimas é o alicerce sobre o qual se pode construir uma nova cultura de prevenção e de luta contra os abusos”.

O bispo auxiliar  de Braga assinalou também a necessidade de “abrir caminhos de reconciliação e de cura para os agressores”, observando que a Igreja Católica poderá ter de retirar o agressor identificado “da atividade pastoral, mas não o deve abandonar”, porque a ‘redenção é sempre possível’, com a “admissão da culpa” por parte do alegado criminoso.

“São necessários programas de acompanhamento psiquiátrico e psicoterapêutico, de acompanhamento espiritual e de reconciliação para as vítimas nem para abusadores”, acrescentou, no seminário realizado na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais (FFCS) da UCP.

Segundo D. Nuno Almeida, também “é preciso garantir” que as crianças, os jovens e adultos vulneráveis estão “protegidos de abuso sexual e de outros abusos nas instituições da Igreja”, através de diretrizes (manual) que estabeleçam “boas práticas éticas e profissionais” dirigidas a todas as pessoas que trabalham nas paróquias, nos movimentos, escolas e instituições, funcionários ou voluntários.

A partir das normas que estão em vigor, é preciso definir modos de atuação claros que respondam adequadamente a qualquer tipo de acusação de abuso sexual ou outros. Todas as diretrizes e protocolos devem estar de acordo com a legislação em vigor no nosso país, com o Direito Canónico, sem nunca esquecer o bom senso”.

Na conferência, intitulada ‘É hora de atenção, prevenção e intervenção’, D. Nuno Almeida afirmou que é preciso “reforçar uma nova consciência” sobre o poder de cada um para “saber ouvir e ler os sinais de alerta”, porque “não é possível manter a impunidade nem o silêncio”.

CB

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