Homilia do bispo emérito de Bragança-Miranda na Missa Crismal

Quinta-feira Santa – Missa Crismal

Catedral de Bragança

Homilia de D. António Montes Moreira, Bispo Emérito de Bragança-Miranda

Quinta-Feira Santa  –  Missa Crismal

 

Foto Diocese de Bragança-Miranda/BLR
  1. A convite do estimado Monsenhor Adelino Paes, Administrador Diocesano, convite que muito agradeço, tenho a alegria de presidir de novo a esta Missa Crismal e às celebrações do Tríduo Pascal.Como Bispo emérito, continuo em comunhão com a comunidade diocesana. E continuo também a rezar convosco pedindo ao Senhor que remova as dúvidas e hesitações dos homens e em breve conceda à Igreja de Bragança-Miranda um Pastor Diocesano segundo o Seu Coração.
  1. A Missa Crismal da manhã de Quinta-Feira Santa manifesta a capilaridade sacramental que flui desta celebração e unifica a vida cristã das nossas comunidades.

Com o Óleo dos Enfermos, levado daqui para as paróquias da Diocese, os nossos doentes são configurados na sua enfermidade com Cristo sofredor. Com o Óleo dos Catecúmenos, estes são preparados para o batismo na unção pré-batismal. Com o Santo Crisma, os recém-batizados são ungidos na unção pós-batismal, os confirmandos recebem o Espirito Santo e os presbíteros são ungidos para o ministério sacerdotal.

Assim sendo, a Catedral constitui-se verdadeiramente como igreja-mãe da Diocese.

  1. Na Missa Crismal celebramos, de memória agradecida, a instituição do nosso sacerdócio.

O mandato eucarístico do Senhor Fazei isto em memória de Mim (1 Cor 11, 25) ressoa ao nosso íntimo como sinal de predileção. Devemos cumpri-lo com fidelidade generosa no nosso ministério pastoral ao serviço do Povo de Deus. Ao estilo do Bom Pastor que conhece e dá a vida pelas ovelhas. O sacerdócio não é uma profissão liberal em que cada um age e trabalha por conta própria. Somos um corpo, um presbitério. Hoje é dia privilegiado de comunhão do Presbitério diocesano à volta do Bispo.

Saúdo-vos a todos no Coração de Cristo, estimados Padres, vindos dos quatro cantos da Diocese. É também momento para agradecer a vossa dedicação ao ministério pastoral, cada vez mais empenhativo por escassez de vocações sacerdotais. A Diocese, aqui representada por esta assembleia litúrgica, associa-se a este agradecimento. Deus vos recompensará.  É a Ele que servis  ao servir o Povo de Deus.

Incluo nesta saudação e agradecimento os beneméritos Padres Marianos e Salesianos que enriquecem a Diocese pela vivência do seu carisma religioso específico e também a servem com zelo pastoral no atendimento de bastantes paróquias nas zonas de Macedo de Cavaleiros e de Mirandela.

A mesma saudação e agradecimento dirijo aos caros Diáconos que ajudam os presbíteros no acompanhamento de numerosas comunidades. A sua disponibilidade permite que essas comunidades, muitas delas de pequena dimensão e de população envelhecida, beneficiem do conforto semanal ou quinzenal da proclamação da Palavra de Deus e da receção da Sagrada Comunhão.

  1. Neste encontro festivo de fraternidade sacerdotal, alegramo-nos com os três sacerdotes da Diocese que celebram datas jubilares de ordenação presbiteral: 60 anos, o cónego Manuel Inácio de Melo; 50 anos, o Padre João de Brito Aparício de Carvalho, salesiano; e 25, os Padres Aníbal Luís da Anunciação e José Maria de Magalhães Barbosa, missionário nas comunidades portuguesas da Alemanha.

Com eles, louvamos o Senhor pela fecundidade do seu ministério. Para o primeiro, pedimos o conforto divino nas limitações da idade e na provação da doença. E rezamos pela frutuosa continuação do trabalho pastoral dos outros dois.

Bastantes religiosas de várias Congregações participam na pastoral dominical, orientando Celebrações da Palavra. Agradecendo o seu prestimoso ministério, saudamos  as irmãs que celebram este ano jubileus de consagração religiosa: 50 anos – Ir. Maria da Imaculada Conceição Nevado, Irmã Carmelita; Ir. Aurora Gonçalves e Ir. Lisete Pires, Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado (SFRJS); 60 anos – Ir. Maria da Conceição Barreira, Irmãs da Caridade do Coração de Jesus; Ir. Maria Helena Gonçalves, Ir. Maria José Pancrácio e Ir. Nascimento (SFRJS).

  1. Recordamos ainda os seis sacerdotes falecidos desde a Quinta-Feira Santa do ano passado: o cónego Otávio Luís Gonçalves e os Padres Acácio Alfredo Anselmo, Antero de Jesus Gomes, António José Fernandes, Joaquim da Assunção Leite e Joaquim José Silva Rodrigues.

Evocamos e agradecemos o testemunho da sua vida sacerdotal. O Senhor lhes conceda a recompensa eterna, anunciada pelo profeta Isaías na primeira leitura desta celebração (Is 61, 8).

  1. Caros Padres.

Dentro de momentos ides renovar as promessas sacerdotais que (cito entre aspas o texto da renovação), «por amor de Cristo e da sua Igreja, aceitastes alegremente no dia da ordenação»: o compromisso de celibato consagrado para «viver mais intimamente unidos a Cristo e configurar-Vos com Ele»; a obediência e reverência ao Bispo; a fidelidade no «ministério da pregação, na celebração da Eucaristia e nas outras ações litúrgicas» no serviço do Povo de Deus «como seguidores de Cristo, sem ambicionar bens temporais, mas movidos unicamente pelo zelo das almas», para deste modo serdes «fiéis dispensadores dos mistérios de Deus».

Fazeis esta renovação no quadro duma assembleia litúrgica. É o ambiente apropriado: perante Cristo Sacerdote de quem pretendeis ser ministros fiéis e perante uma representação da comunidade diocesana que desejais pastorear à luz de Cristo. Renovar os compromissos sacerdotais exprime o vosso propósito de revitalizar continuamente a maneira de exercerdes o ministério.

A concluir, permito-me formular um pedido. Mestres experimentados de espiritualidade sacerdotal recomendam que o padre celebre sempre a Missa como se fosse a primeira, a última, a única da sua vida. Fazei-o vós também, esmerando-vos em cultivar a dignidade e a piedade na celebração da Eucaristia.

Catedral de Bragança, 6 de abril de 2023

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