Guarda: Banda de Pínzio existe numa aldeia de 300 habitantes e causa «emoção» nas festas

Padre Victor Ramos, integrou a banda durante oito anos, e refere que os secretariados de Liturgia “não podem descuidar” o papel das Bandas Filarmónicas

Foto: Banda de Pínzio

Pínzio, Guarda, 19 ago 2022 (Ecclesia) – Ricardo Custódio, presidente e executante da Banda de Pínzio, em Pinhel, na diocese da Guarda, contou à Agência ECCLESIA que a banda existe numa aldeia de 300 habitantes, onde há “emoção ao ver a tradição da banda nas festas”. 

“É sempre uma emoção forte e ver que o público ainda recebe bem as bandas, que têm prazer em ter uma banda nas festas, que não se perdeu esta tradição, estamos felizes por voltar depois de dois anos tão difíceis onde todas as atuações foram canceladas”, afirma Ricardo Custódio em declarações à Agência ECCLESIA.

O presidente da Associação social, cultural, recreativa e desportiva de Pínzio, à qual pertence a Banda, referiu que nos dois anos em tempo de pandemia foi difícil de “gerir a malta da Banda”, fizeram ensaios online e a grande preocupação era “não perder o espírito”. 

Fundada em 1888, mas em 1950 sofreu um interregno, voltando ao ativo em 1984, na pequena aldeia de Pínzio, em Pinhel, no distrito da Guarda, a Banda de Pínzio “vai conseguindo captar músicos das aldeias vizinhas” onde no concelho existem “apenas duas bandas”.

“As pessoas gostam do convívio, temos aqui laços familiares, irmãos, primos e até pais e filhos, e eu enquanto presidente, fui músico 10 anos, sei bem e nota-se que as pessoas estão motivadas e o público sente-se agradecido por ter uma banda filarmónica”, afirma.

A Banda tem como diretor musical o maestro Carlos Ferreira e Ricardo Custódio assumiu a presidência em 2019 mas também é executante na Banda, onde toca tuba.

“Também tenho de dar o meu contributo porque não somos muitos, somos 36 elementos mas os mais presentes somos uns 29, com faixas etárias que vai dos 16 aos 50 anos”, conta. 

Atualmente a Banda conta com o “calendário para agosto bem preenchido e a escola de música a funcionar em pleno” bem como tem outros “projetos lançados pela comunidade intermunicipal da Serra da Estrela” em que participam também. 

“Pínzio tem muitos emigrantes e, nesta altura do ano, regressam e têm todo o prazer em ouvir a banda e pedem a presença das bandas nas suas festas”, indica. 

A Banda Filarmónica de Pínzio acolheu, durante oito anos, o padre Victor Ramos, da diocese da Guarda, como executante de saxofone, uma “ligação muito especial, desde a presença da banda na sua missa nova”. 

“Houve uma ligação de cerca de oito anos em que eu tive o enorme gosto de fazer parte da banda filarmónica, como padre integrei a banda, por influência familiar, o meu pai tinha sido maestro de uma banda de Manteigas e pediram-lhe depois para colaborar na banda de Pínzio, como eu tinha paróquias contíguas ali juntei os dois fatores”, recorda o sacerdote da diocese da Guarda à Agência ECCLESIA. 

Com formação de música, quer no tempo de seminário, quer depois no conservatório o padre Victor Ramos alinhava no saxofone alto, um instrumento que  “não precisa de sopro muito forte” mas “de destreza”.

“Em tempos de verão é mais difícil as festas de verão, ao ar livre e andamento, as procissões, por exemplo, são mais desgastantes”, recorda.

Foto: Padre Victor Ramos

O sacerdote, que sentiu sempre “bom ambiente e camaradagem entre os músicos”, refere que não deixou o seu trabalho pastoral, “conseguia coordenar tudo” e que a pertença à banda era um hobbie.

“A banda era um hobbie, quando participava em festas às vezes os párocos perguntavam se eu ia e era convidado para fazer a homilia da festa, depois da celebração, integrava a banda, devidamente fardado”, explica.

Olhando para a realidade das bandas filarmónicas, o padre Victor Ramos considera “muito necessárias e úteis na captação e motivação dos jovens” bem como na “transmissão de grandes valores através da música”.

“A valorização da música é um património que temos e as bandas fazem parte do património e cultura portuguesa e, quando abrilhantam as festas religiosas, deveria haver mais atenção porque as bandas precisam de formação litúrgica, os secretariados da liturgia não podem descuidar o papel das bandas filarmónicas”.

O padre Victor Ramos entende que o “investimento na formação das bandas teria um retorno no futuro, numa maior qualidade nas missas e procissões”, por exemplo.

“Eu próprio quando convivi com a banda ajudou-me a ver outra perspetiva e realidade, fiz muitas festas como executante e estar na banda deu-me outra visão, ainda quando vejo uma banda que puxa pelos nossos conhecimentos, gosto de ver, há uma melodia que ainda recordo, há um certo saudosismo”, assume.

A história e importância da Banda de Pínzio, através das duas entrevistas, é o mote do programa de rádio ECCLESIA deste sábado, 20 de agosto, pelas 06h00 na Antena 1 da rádio pública, ficando depois disponível online.

SN

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