«Francesco»: Conferência Episcopal Portuguesa sustenta que declarações do Papa «não afetam a doutrina da Igreja sobre o matrimónio»

Novo documentário aborda necessidade de proteção jurídica para homossexuais que vivem em união estável

Lisboa, 22 out 2020 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) referiu hoje, em nota enviada à Agência ECCLESIA, que as declarações do Papa sobre a proteção legal a uniões de pessoas do mesmo sexo “não afetam a doutrina da Igreja” sobre o matrimónio.

“As afirmações do Papa Francisco sobre a necessidade de os Estados oferecerem proteção legal para uniões entre o mesmo sexo, contidas no documentário ‘Francisco’, são extratos de entrevistas já divulgadas e recolhidas pelo realizador Evgeny Afineevsky, que revelam a atenção constante do Papa às necessidades reais da vida concreta das pessoas”, destacam os bispos portugueses, numa nova enviada à Agência ECCLESIA.

O Papa Francisco referiu, em entrevista para um novo documentário, estreado esta quarta-feira em Roma, a necessidade de os Estados oferecerem proteção legal para uniões entre pessoas do mesmo sexo.

“O que temos de fazer é uma lei de convivência civil, [as pessoas] têm direito a estar protegidas legalmente”, refere, numa das passagens do filme ‘Francesco’.

A CEP sublinha que as declarações abordam “um direito de proteção legal dessas uniões, que não afetam a doutrina da Igreja sobre o matrimónio, reservado na Igreja Católica à união entre um homem e uma mulher”.

A nota cita declarações do presidente da Conferência Episcopal, D. José Ornelas, em entrevista à Rádio Renascença, destacando que “os Estados têm o dever de defender e concretizar essa defesa, legalmente, dentro do respeito pela diversidade que existe na sociedade”.

O bispo de Setúbal recorda que “o Papa tem defendido que as pessoas, qualquer que seja a sua orientação sexual, têm o direito a serem respeitadas naquilo que são”.

O presidente da CEP sublinha que “a igualdade de direitos e de oportunidades não significa fazer tudo igual”.

“Significa que cada um, na sua individualidade, é respeitado em todos os momentos por aquilo que é. Por isso, a sociedade e, muito particularmente, o Estado deve criar os mecanismos necessários para que isso seja possível, com um quadro legislativo capaz de reconhecer a cada um a dignidade que tem tal como é e não como eu gostava que fosse”, precisou.

O documentário de Afineevsky apresenta a posição do Papa sobre diversas questões de âmbito social, incluindo o combate aos abusos e o acolhimento dos homossexuais.

OC

Vaticano: Papa refere necessidade de proteção legal para uniões entre pessoas do mesmo sexo

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