Fátima: Reitor do santuário deseja que turismo religioso «continue a receber do poder político a merecida atenção»

Padre Carlos Cabecinhas destacou papel do setor turístico como «instrumento de paz e de concórdia entre povos e nações»

Fátima, 22 fev 2022 (Ecclesia) – O reitor do Santuário de Fátima pediu hoje que o turismo religioso “continue a receber do poder político a merecida atenção”, falando na sessão de abertura do XI Workshops Internacionais de Turismo Religioso (IWRT).

“O atual momento político, em Portugal, com a proximidade de eleições legislativas, com as inevitáveis mudanças que trará, provoca sempre alguma incerteza. Resta-me desejar que o turismo religioso, independentemente da solução governativa, continue a receber do poder político a merecida atenção”, disse o padre Carlos Cabecinhas, numa intervenção enviada à Agência ECCLESIA.

O responsável católico destacou também o contexto internacional e as ameaças à paz, que não podem “ignorar”, porque condicionam o turismo: “A paz é desígnio maior que não podemos ignorar e o sofrimento das vítimas não nos deixa indiferentes”.

“Praticamente a dois anos do início da guerra na Ucrânia e com quase 5 meses de guerra em Israel e Palestina, é fundamental afirmarmos o turismo como instrumento de paz e de concórdia entre povos e nações”, acrescentou.

O presidente da Câmara Municipal de Ourém, que também interveio na sessão de abertura, deixou votos de que os decisores políticos governativos “olhem para o país como um todo, complementar”, capaz de gerar novas centralidades, criação de emprego e valorização dos ativos estratégicos, afirmando que “importa valorizar o muito que Fátima tem para oferecer”.

“Enquanto plataforma turística de eleição para milhões de visitantes anuais, mas, simultaneamente, preservar a autenticidade espiritual e cultural, qualificando a oferta, reforçando a criação de infraestruturas que respondam aos fluxos de visitantes, avaliando e respeitando a capacidade de carga a cada momento”, indicou Luís Miguel Albuquerque.

O autarca realçou “a influência” para o turismo de acontecimentos como a guerra, os permanentes fluxos migratórios e “consequentes condicionalismos económicos à escala mundial”.

“Sobretudo para a importância do supremo valor da vida que em Fátima ecoa no coração dos peregrinos e em todos aqueles que, imbuídos de uma espiritualidade individual, materializam a essência mais pura da natureza humana”, acrescentou o autarca, na informação enviada à Agência ECCLESIA.

Os XI Workshops Internacionais de Turismo Religioso (IWRT) decorrem em Fátima, até sexta-feira e seguem para a cidade da Guarda, no sábado.

Os IWRT contam com 131 buyers /131 suppliers e cerca de cinco mil reuniões B2B, para além dos números do Workshop de Turismo de Herança Judaica, na Guarda.

A edição deste ano tem o Paraguai, país da América do Sul, como destino convidado, acolhendo também o Congresso Internacional de Turismo Religioso (CITRyS), na sua 20ª edição; este evento nasceu na América do Sul e é a terceira vez que se realiza fora desse continente, a primeira em Portugal, depois de duas edições em Espanha.

“Vivemos tempos verdadeiramente desafiantes, tanto no âmbito internacional quanto nacional. Desde os conflitos na Ucrânia e Israel até às preocupações crescentes com as mudanças climáticas e a crescente influência da inteligência artificial em nossas vidas e negócios, é evidente que o turismo está enfrentando novos paradigmas e exigências. Também a nível nacional nos encontramos numa fase decisiva para o país”, disse Purificação Reis, presidente da Associação Empresarial de Ourém-Fátima (ACISO).

A responsável pediu urgência na definição da localização do futuro aeroporto.

“Rezam as crónicas que já nos anos 30 o bispo de Leiria fundador do Santuário, D. José Alves Correia da Silva, antevendo a dimensão e alcance da devoção de Fátima, sonhou com a construção dum aeroporto que a pudesse servir”, observou a presidente da ACISO.

CB/OC

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