Fátima: D. José Ornelas evoca migrantes «injustiçados», «explorados» e mortos, na sua busca por uma vida mais digna

Bispo diocesano deixou saudação final aos participantes na peregrinação internacional de agosto, na Cova da Iria

Foto: Santuário de Fátima

Fátima, 13 ago 2023 (Ecclesia) – O bispo de Leiria-Fátima, D. José Ornelas, recordou hoje em Fátima os migrantes que são “explorados” e os que perdem a vida, na sua busca por uma vida mais “digna”.

“A Mãe de Deus acompanha os imigrantes, que deixam a sua terra à procura de melhores condições de vida. Acompanha particularmente aqueles, que ao longo deste caminho são postos à prova, são injustiçados, são explorados e, por vezes, encontram sofrimento e morte”, indicou o também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), no final da peregrinação internacional aniversária de agosto.

As celebrações no Santuário de Fátima integram a Peregrinação Nacional dos Migrantes, que encerra a 51.ª Semana Nacional das Migrações, promovida pela Igreja Católica em Portugal, este ano com o tema ‘Livres de escolher: se ficar ou emigrar’.

O bispo de Leiria-Fátima rezou para que os países de destino tenham “um coração aberto para acolher os que chegam e reconhecer o contributo que vão dando às sociedades que os sabem receber”.

Na saudação aos peregrinos italianos, D. José Ornelas pediu “um coração de justiça e solidariedade para acolher e dar espaço de vida digna aos que se veem na necessidade de procurar condições fundamentais de segurança e de subsistência, para si mesmos e as suas famílias”.

A intervenção evocou a Jornada Mundial da Juventude, que decorreu em Lisboa, de 1 a 6 de agosto, considerando que a Igreja se apresentou, nesse encontro, como “laboratório de um mundo que não erga muros, mas que estabeleça pontes”.

“É precisamente essa ideia e semente, essa experiência de um mundo onde é possível que gente de todas as raças se encontre na mesma Igreja, com a mesma fé, anunciando a bondade e a universalidade do amor”, declarou o presidente da CEP.

Foto: Santuário de Fátima

O bispo de Leiria-Fátima começou por recordar que a peregrinação de agosto é “tradicionalmente centrada num tema fundamental” para o mundo contemporâneo, “o da mobilidade, das migrações humanas”, muitas vezes “provocadas por miséria, conflitos e falta de dignidade na vida”.

“Que a Mãe de Deus nos ensine também a ser verdadeiros peregrinos, em busca de um mundo melhor, nesta terra, para todos os seus habitantes, com os olhos sempre bem postos no mundo novo para onde Ele nos chama”, apontou.

O bispo de Leiria-Fátima agradeceu ao presidente da peregrinação internacional de agosto, D. Filomeno Vieira Dias, arcebispo de Luanda.

“A sua presença traz-nos a memória grata da Igreja de Angola, da sua juventude e espírito missionário, que nos inspira também a nós”, disse.

O presidente da CEP saudou ainda a presença do novo patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, nomeado pelo Papa na última quinta-feira.

“Pedimos à Virgem Mãe que oriente os seus passos de pastor, ao serviço do povo que lhe é confiado”, declarou D. José Ornelas.

A celebração contou com a presença de vários bispos, incluindo o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, D. José Traquina.

OC

A palavra aos doentes, no final da Missa, foi dirigida por Eugénia Costa Quaresma, diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM).

“Aqui no altar do mundo coloco os doentes que estão entre nós ao abrigo dos acordos de
saúde, que possam em ti encontrar conforto e nas nossas pessoas e estruturas, o cuidado de
que necessitam”, disse.

A responsável da OCPM evocou o exemplo da Beata Clara Badano (1971-1990), uma das patronas da JMJ Lisboa 2023.

“Queremos aprender que a doença e a dor não determinam a nossa alegria”, indicou.

A intervenção evocou o hino oficial do encontro mundial de Lisboa, intitulado ‘Há pressa no ar’.

“Há pressa no ar em reconhecer a nossa interdependência, enquanto cidadãos, e povos. Há pressa no ar em buscar e promover soluções criativas para devolver a dignidade, aproximar famílias, combater a solidão”, referiu Eugénia Quaresma.

 

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