Fátima: Cardeal D. António Marto convida à oração pela paz na Ucrânia

Apelo deixado na celebração da festa litúrgica dos santos Francisco e Jacinta Marto

Foto: Santuário de Fátima

Fátima, 20 fev 2022 (Ecclesia) – O cardeal D. António Marto apelou hoje em Fátima à oração pela paz na Ucrânia, falando aos peregrinos reunidos para a celebração da festa litúrgica dos santos Francisco e Jacinta Marto, dois dos videntes das aparições de 1917.

“Deste Santuário da paz faço um apelo a vós aqui presentes e a todos os católicos do país para iniciarem uma corrente de oração do rosário nesta semana, em forma individual, familiar ou comunitária, pela paz na Ucrânia”, pediu o administrador apostólico da Diocese de Leiria-Fátima, numa intervenção divulgada online e enviada à Agência ECCLESIA.

O responsável católico evocou o “contexto atual que o mundo conhece e atravessa, após longo período de fragilidades, feridas, incertezas, luto e medos em que paira uma ameaça de guerra”.

“É necessário despertar da indiferença, da apatia, do cansaço espiritual, do desânimo que pode levar ao fatalismo”, sustentou.

Para D. António Marto, é preciso contrariar a ideia de que “só os poderosos – os poderes económico-financeiros e políticos – podem transformar o mundo”.

“Deus conta com os pequenos e os humildes, com a força de fá na sua misericórdia, com o testemunho da conversão e da compaixão, com a força da oração para renovar o mundo. Somos chamados a olhar o futuro com confiança, reconstruindo as relações entre as pessoas e os povos, como Bons Samaritanos que cuidam dos feridos e ajudam a curar as feridas do nosso tempo”, acrescentou.

Falando dos santos Francisco e Jacinta Marto, o cardeal português referiu que os dois mais jovens pastorinhos são “testemunho vivo deste caminho espiritual no qual foram introduzidos pela ternura da Senhora mais brilhante que o sol”.

“Abandonaram-se nos braços amorosos de Deus com uma alma de criança, sem medo, com total confiança, verdadeiramente felizes e este é o segredo da vida mística”, indicou.

D. António Marto considerou que “esta experiência deve contagiar-nos neste nosso tempo de esquecimento de Deus, de esmorecimento da fé”, assinalando que a atual conjuntura de pandemia, “num mundo plural e pluralista, num ambiente social e cultural de indiferença religiosa e, por vezes, adverso, não há fé que aguente sem esta dimensão mística”.

Os dois jovens irmãos, que morreram vítimas da Gripe Espanhola, foram canonizados pelo Papa Francisco no dia 13 de maio de 2017, no ano do Centenário das Aparições, na Cova da Iria.

Esta foi a última celebração a que D. António Marto presidiu no Santuário de Fátima, enquanto responsável pela Diocese de Leiria-Fátima.

No final da celebração, em declarações aos jornalistas, o cardeal disse que o dia 13 de maio de 2017 foi o “momento mais pleno e marcante” vivido no seu ministério.

Foto: Santuário de Fátima

O responsável recordou ainda outro momento, ligado ao primeiro confinamento provocado pela atual pandemia de Covid-19.

“Nunca esquecerei, por ser marcante, aquele 13 de maio de 2020 em que de um momento para o outro senti que tinha de presidir a uma peregrinação que eu nunca imaginava, espiritual, com um Santuário sem peregrinos, mas com o mundo inteiro unido a nós, para evocar a misericórdia do Senhor”, relatou.

Citado pelo Santuário de Fátima, D. António Marto reforçou a sua preocupação com a atual situação de crise no Leste da Europa.

“Estamos a viver algo que nunca imaginamos, depois da II Guerra Mundial, e espero bem que os homens possam refletir na sua consciência e ver os passos que devem evitar para não fazer sofrer a humanidade”, declarou.

O Papa Francisco nomeou, a 28 de janeiro, D. José Ornelas como novo bispo da Diocese de Leiria-Fátima, estando o início do seu ministério marcado para o dia 13 de março, numa celebração na Sé de Leiria, pelas 16h00.

D. António Marto vai passar a residir no Santuário de Fátima, como bispo emérito, informou a diocese.

“Dedicar-me-ei ao ministério da oração e da intercessão pela paz no mundo, ao atendimento espiritual das pessoas, ao sacramento da reconciliação, ao estudo da teologia, que é sempre uma paixão”, disse hoje o cardeal aos jornalistas.

OC

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