Faleceu antigo bispo auxiliar de Braga

Arcebispo de Braga diz que D. Carlos Pinheiro distinguiu-se pela «simplicidade»

D. Carlos Francisco Martins Pinheiro, de 85 anos, antigo bispo auxiliar da arquidiocese de Braga, faleceu na madrugada desta Sexta-feira, vítima de doença prolongada.

Em declarações à Agência ECCLESIA, o arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, afirmou que D. Carlos Pinheiro, licenciado em Direito Canónico, distinguiu-se pela “simplicidade”.

“Foi uma pessoa marcada por algumas doenças, que o impediram de oferecer uma disponibilidade total, mas estava sempre pronto para ajudar e para servir”, referiu o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.

O bispo emérito “concretizou essencialmente o seu trabalho na organização das visitas pastorais, no tempo de D. Eurico Nogueira, [anterior arcebispo de Braga], disse o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.

D. Jorge Ortiga reconhece que o seu estilo era “totalmente diferente” do de D. Carlos Pinheiro, mas acredita que as duas personalidades se completavam

O funeral de D. Carlos Pinheiro realiza-se este Sábado na Sé de Braga, às 10h00, e pelas 15h00 é celebrada uma missa exequial em Ponte de Lima, comunidade de que foi pároco durante 19 anos.

D. Carlos Pinheiro vai ser sepultado na sua terra natal, Vila Praia de Âncora, onde se celebra missa exequial às 17h30.

Elementos biográficos

Carlos Francisco Martins Pinheiro, filho de José Maria Pinheiro e de Carlota Joaquina Martins Pereira, nasceu a 30 de Maio de 1925, em Vila Praia de Âncora.

Em 1939 ingressou no Seminário de Nossa Senhora da Conceição, em Braga, onde estudou Humanidades, e a partir de 1947 cursou Filosofia e Teologia no Seminário Conciliar de Braga, onde ocupou o cargo de director da revista desta instituição (“Cenáculo”).

Foi ordenado padre a 8 de Julho de 1951, em Braga, e logo a seguir nomeado prefeito, professor e ecónomo do Seminário de Filosofia, Braga.

No ano de 1953 foi nomeado coadjutor do pároco de Ponte de Lima e capelão do Hospital da Santa Casa da Misericórdia e do Colégio D. Maria Pia.

No ano seguinte ocupou o lugar de pároco de Ponte de Lima, e também de Feitosa e Arca, e em 1958 foi nomeado arcipreste do Julgado Eclesiástico de Ponte de Lima, tendo sido também investido como Cónego da Sé Primaz de Braga.

Durante as quase duas décadas em que se manteve como responsável pela paróquia de Ponte de Lima, exerceu o cargo de vice-provedor da Santa Casa da Misericórdia e de presidente da Direcção da Oficina S. José, entre outros encargos.

Fundou o Museu dos Terceiros e o Instituto Limiano, organizou várias exposições em colaboração com o Museu Soares dos Reis (Porto) e a Fundação Calouste Gulbenkian, além de ter promovido o restauro da igreja matriz.

No ano de 1978, D. Carlos Pinheiro, então vigário geral de Braga, foi autorizado pelo arcebispo a trabalhar para a nova diocese de Viana do Castelo, onde exerceu os cargos de vigário geral, juiz do Tribunal Eclesiástico e presidente da Comissão de Arte e Cultura.

A 22 de Fevereiro de 1985 foi nomeado bispo titular de Dume e auxiliar de Braga, numa altura em que a arquidiocese era dirigida por D. Eurico Dias Nogueira.

A ordenação episcopal ocorreu a 28 de Abril do mesmo ano, na cripta do Santuário do Sameiro, em Braga.

Como prelado, foi presidente da Comissão Diocesana de Arte Sacra e Obras, tendo-lhe sido confiado o cuidado pastoral dos arciprestados de Vila do Conde e Póvoa de Varzim, Esposende, Barcelos e Vila Verde.

A nível nacional, foi membro da Comissão Episcopal Mista Bispos-Religiosos.

Em 10 de Novembro de 2000 passou a bispo emérito por ter atingido os 75 anos, residindo desde essa data em Ponte de Lima, sempre com ligações a Braga.

Publicações

De acordo com o site da arquidiocese de Braga, D. Carlos Pinheiro publicou as seguintes obras: “A Ínsua de Caminha” (1949), “O Novo Altar-Mor da Igreja Matriz” (1963), “O Colégio D. Maria Pia e a sua influência na comunidade paroquial de Ponte de Lima” (1971), “Museu de Arte Sacra de Ponte de Lima – Subsídios para a sua história” (1974), “Instituto Limiano – Museu dos Terceiros – Documentos” (1962-1982), “Guia do Visitante do Museu dos Terceiros” (1983) e “Instituto Limiano – Museu dos Terceiros” (sem data).

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