Especial: «Eu tenho cancro, não é o cancro que me tem»

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A circunstância de uma doença oncológica dita o encontro com o padre João Aguiar Campos, no Dia Mundial da Luta Contra o Cancro, que se assinala neste 4 de fevereiro.

É o padre João – é assim que gosta de ser tratado e é assim que é conhecido entre amigos e muitos que com ele trabalharam. Diz, quem o conhece, que fala sempre com o coração. Gosta de pessoas, de escrever e de fotografar – momentos, gestos, a vida nos pormenores e nos significados que ganham dimensão no seu interior.

Quase a completar 45 anos de sacerdócio, o padre João é cónego da Arquidiocese de Braga. Foi durante cinco anos, entre 2011 e 2016, diretor do Secretariado nacional das Comunicações Sociais, e durante dez Presidente do Conselho de Gerência da Renascença. Uma missão no meio das comunicações sociais que assumiu durante cerca de 40 anos. Hoje descansa dos microfones mas não da escrita.

Poderíamos dizer que o padre João é um homem alimentado a partir do seu interior, mas podíamos dizer também que alimenta o interior de muitos que de forma próxima e atenta vão seguindo as suas partilhas na rede social facebook.

A circunstância da sua doença vem revestida de serenidade e esperança. É este tempo que nos é dado viver e é assim que o padre João assume o caminho que vive dando graças a Deus pelas pedras e pelos sorrisos, pela bengala e pela oração, pelas pessoas e pela natureza.

 

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O tempo presente para viver

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Recorda o padre João Aguiar que quando lhe foi diagnosticado o problema oncológico decidiu não dramatizar.

“Meti na minha cabeça «João, tu tens um cancro, não é o cancro que te tem. Se te deixas possuir por ele entras num circuito de depressão, dor e desespero».”

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«Coloco sempre o tempo sob o signo da missão. Aliás, a vida não é um tempo, mas uma tarefa, uma missão. «Eis-me aqui, ó Pai, para fazer a tua vontade», é uma citação que todos nós conhecemos. E conhecemos a expressão de Jesus na cruz quando diz «Tudo está consumado». “Ah, acabou-se, ponto, lá vou eu”. Não. Antes missão cumprida. Tempo, missão, vida, missão»

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«É claro que já chorei de dores. Mas não é o mesmo que chorar de interrogações»

 

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Nesta circunstância, o padre João quis valorizar o que tinha e a forma como poderia preencher melhor os seus dias.

“O que para os outros pode ser um drama, deu-me tempo de oração, deu-me tempo de conversa, de valorização das coisas, sabedoria para dizer a outros, nas mesmas circunstâncias, «calça umas sandálias de peregrino e vem daí»”.

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Deu-lhe mais Deus?

Sempre estive com Deus uma relação muitíssimo próxima. Dizer a Deus que me sinto amado, que O sinto Pai nos dias de sol, de chuva e nos dias assim-assim, significa responder-lhe nesta minha circunstância. Não é um drama. Eu tenho vivido feliz, muito feliz.

E as pessoas às vezes não acreditam que sou um rapaz feliz, e sou. Não nego o que tenho, isso também é importante. Eu sei que sou um doente oncológico, mas não estou disposto a morrer de véspera.

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«Preocupa-me encher de vida, de olhar positivo, de disponibilidade para os outros e respeito para mim, esta circunstância.»

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A serenidade e a esperança não apagam as dificuldades físicas, mas, também na doença, o padre João assume como lema «de ti exige o máximo, dos outros o possível».

“Gostava de não ter dores, gostava de poder conduzir com liberdade, gostava de não ter um «ai» por um jeito mal dado… mas o que tenho é isto. Se me ponho a protestar contra estas circunstâncias, estou viúvo antes de ter casado”.

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«O sorriso é um olhar limpo sobre as coisas. Se os nossos olhos estiverem limpos, vemos limpas as coisas.»

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O tempo liberto para si e para os outros

Durante cerca de 40 anos o padre João Aguiar assumiu responsabilidades na área das comunicações sociais e, aqui, integrou diferentes equipas, liderando-as e encorajando-as.

Hoje, diz, tem mais tempo para as pessoas que aparecem para conversar, algumas com semelhantes problemas de saúde.

“Não escondo o que tenho. Não é uma vaidade ter, nem um castigo. Muitos olham para a doença como um castigo «Porquê eu?» Não é um castigo. A nossa fragilidade é assim. Estou nas mãos de Deus, não numa atitude quietista, mas dizendo «eu estou aqui. O que queres de mim? O que posso fazer?»”

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«Os simples entram numa situação de contemplação ou de espanto.»

É numa “serenidade exigente” que atualmente vive, porque, assume, experimenta um tamanho amor que a ele tem de corresponder.

“A este amor que ama tanto, eu tenho de fazer um esforço para corresponder, por estar contente por ser amado assim”.

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«Sou uma criança diante de Deus»

Hoje o padre João assume o privilégio que teve em viver tantos momentos.

“Sinto-me privilegiado pela minha vida, pelos amigos e família, pelo que tive oportunidade de fazer e pelo que o Senhor me dará oportunidade de continuar a fazer, mesmo que seja só isto, conversar”.

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A aldeia que tem dentro

Natural de São João do Campo, em Terras de Bouro, no distrito de Braga, o padre João Aguiar cresceu na aldeia, acompanhado e educado pelos avós.

Regressa à meninice para ali encontrar fotografias ainda vivas: “a serra com os rebanhos, os campos em maio, a lavoura, perceber que ave era aquela que corria os regos da lavoura”.

“A serra corre-me no sangue”.

Em Braga, a casa que habita tem uma estufa e uma horta.

“Já não me consigo dobrar, mas fui comprar uma almofada para poder tirar ervas. Preciso de me sujar, preciso da terra. Quando depois, debaixo do chuveiro sai a terra, sai também o cansaço e parece que lavei o coração, a alma”.

 

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As palavras escritas e fotografadas

A terra fica-nos sempre marcada. O meu último livro fala nisso «Rio Abaixo – tenho uma aldeia dentro de mim». Os cheiros, os sons, os silêncios, os pássaros da aldeia, a solidariedade, o choro solidário…

Sem esquecer São João do Campo, o padre João saltita nos seus dias entre a cidade e a aldeia, com o projeto de remodelar uma casa com vista para o cemitério.

 

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Eu respiro escrevendo.

Leio, escrevo.

Sobretudo escrevo.

O livro «Circunstâncias», editado em 2016, vem juntar-se a outras publicações do padre João Aguiar Campos.

Nesta publicação encontramos um conjunto de textos “rezados” e “olhares tranquilos” sobre diversas circunstâncias, incluindo as do autor.

Em «Rio Abaixo», publicado no final de 2017, o padre João regressa à infância para encontrar olhares, cantos e sons da aldeia que tem dentro.

“Decidi ir à infância e ver o pequeno rio da minha terra e percorre-lo. Ali pousei o barco de papel, vi a viagem de um bugalho, vi a cobra da água, o moinho, agora em ruínas, mas vivo na memória, vi a teia de aranha. Ouvi os sons do rio. São pequenos textos onde vejo e me vem um pensamento que pode ser um desafio ao leitor”, indica.

Nesta publicação, o padre João aflora a “saudade” da aldeia de outrora.

O livro foi publicado na altura do Natal, incorporando, por isso, alguns contos temáticos.

 

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«Olhai os lírios do campo…»

Na rede social Facebook, o padre João Aguiar partilha fotos e pensamentos, sentimentos e orações que se enchem de comentários e recebem a anuência com um “gosto” de muitos que o seguem.

“O Facebook não é um remédio para a solidão”, assume prontamente, para acrescentar que não se sente sozinho.

“Eu não sinto a solidão. Eu vivo só, mas não sozinho. Não sinto que estou só. Estou calado mas a pensar, a escrever, a ler, a rir, a telefonar”.

Sobre a interação que estabelece na rede social afirma esperar que possa ajudar alguém, sem pretensões de púlpito.

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Os 68 anos é a idade da esperança e da serenidade?

Sempre as tive. Os passos lentos e as memórias empurram-me para o futuro. Olhei para trás para ver melhor o caminho. Tenho muita vontade, como um rapaz pequeno, de subir o monte do Sameiro e ver o que está do outro lado. Há sempre um horizonte que quero ver. E quando chegar a esse futuro que pode ser daqui a uns segundos, espero que Deus me diga «Então João?», e eu lhe diga «Valeu a pena!».

 

 

Fotos: padre João Aguiar e Agência Ecclesia

LS

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