Entre-os-Rios: Sacerdotes evocam feridas que «não desapareceram»

Pároco de 2001 e atual responsável pela comunidade de Raiva, em Castelo de Paiva, assinalaram 20.º aniversário da tragédia

Foto: Lusa

Porto, 04 Mar 2021 (Ecclesia) – O padre José Ribeiro Mota, pároco de Raiva, Castelo de Paiva, na data da queda da ponte de Entre-os-Rios, disse hoje à Agência ECCLESIA que as “feridas causadas” pela tragédia de 2001 ainda “não desapareceram” na vida da população.

“As pessoas estão emocionadas, mas os seus rostos transmitem esperança e fé”, realçou o sacerdote da Diocese do Porto, que esta manhã concelebrou a Eucaristia no 20.º aniversário da queda da Ponte Hintze Ribeiro, que vitimou 59 pessoas.

Atualmente, o padre José Ribeiro Mota está na vigararia de Lousada (Porto), mas não esquece os antigos paroquianos.

“Neste momento estou abraçado à senhora Felicidade que viu desaparecer a sua mãe e irmão na tragédia”, relatou, no contacto telefónico.

O sacerdote sublinha que, no primeiro ano após a queda da ponte, a “dor foi vivida com muita intensidade, mas progressivamente as pessoas vão-se conformando”.

A celebração desta quinta-feira na Igreja Paroquial de São João Batista, em Raiva, foi presidida pelo atual pároco, padre Tiago Filipe Santos, o qual sublinhou na sua homilia que a Missa “não serve para avivar a profunda ferida, que continua aberta, mas sim alimentar o ser”.

“Elevamos a nossa oração até Deus para que receba essas 59 almas vítimas da indiferença, da incompetência, da inconsciência daqueles que tinham nas suas mãos o poder de alterar tão fatídico destino”, declarou.

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Em declarações à Agência ECCLESIA o pároco de Raiva lamenta o desenlace do processo judicial sobre a derrocada, por considerar que “aqueles que deviam ser chamados à responsabilidade não o foram”, mas “havia as evidências da fragilidade da ponte”.

O padre Tiago Filipe Santos destaca que o tempo tem uma força “mitigadora na dor”, todavia os momentos da tragédia estão “muito vivos na comunidade”.

O Município de Castelo de Paiva assinala hoje o aniversário da derrocada, com um programa que incluiu a Missa na Igreja Paroquial de São João Batista (Raiva), transmitida online, com a bênção de 59 flores, seguido de colocação de coroa floral no cemitério local.

As flores, colocadas junto ao Monumento Anjo de Portugal, vão ser lançadas ao Rio Douro, durante o dia, pelos familiares das vítimas; pelas 19h00 decorre nova cerimónia de homenagem, com o lançamento de 59 flores ao Rio Douro, desde o tabuleiro da Ponte Hintze Ribeiro.

LFS/OC

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