Emirados: Ser humano deve estar «no centro» do encontro entre religiões

Xeque Zadir, da Comunidade Islâmica de Palmela, saúda viagem do Papa Francisco assente na fraternidade e no respeito

Lisboa, 04 fev 2019 (Ecclesia) – O xeque Zadir, da Comunidade Islâmica de Palmela, disse hoje que no caminho do diálogo inter-religioso se deve olhar para “o ser humano” e “não para as religiões”.

“O caminho é o da solidariedade, de ajuda ao próximo, sem olhar para a religião. O objetivo do crente é chegar ao céu, a Deus; não pode olhar para as religiões, nem comparar. Não é correto”, referiu o responsável à Agência ECCLESIA.

“Quando chegamos à época festiva do Natal, por sinal de respeito, gostamos de estar presentes e de melhorar este espírito num sentimento de respeito, porque é essa a lição que o passado nos tem dado: respeitar todos os outros credos se queres que os credos te respeitem”, acrescentou.

O Papa Francisco encontra-se numa viagem inédita aos Emirados Árabes Unidos, para uma visita marcada pelo diálogo inter-religioso que quer abrir uma “nova página” nas relações entre cristãos e muçulmanos e segue o lema da oração de São Francisco de Assis: “Senhor, faz de mim um instrumento da sua paz”.

O xeque Zadir afirma que o caminho de diálogo com as diferentes religiões foi mencionado pelo Corão quando fala “sobre o povo cristão e judeu”, chamando-os “não pelo nome, mas por adeptos do livro, estabelecendo uma ligação muito próxima”.

No Centro Cultural das Colinas, em Odivelas, são acolhidas pessoas interessadas em conhecer o Islão, “não para se converterem”, mas por “razões profissionais ou culturais, ou também por curiosidade”.

Esta educação parte “do trabalho realizado pela Mesquita Central de Lisboa para desmistificar o Islão e de criar um diálogo inter-religioso”.

O responsável dá conta da importância da imagem, “tornar visível o diálogo no encontro”, mais do que de um discurso elaborado.

“Vivemos hoje no mundo audiovisual e uma imagem fala, de facto, mais do que mil palavras. A imagem de ver três líderes de diferentes religiões, sentados à mesma mesa a conversar e beber chá, isso mexe com milhares de pessoas”.

Sobre a viagem do Papa Francisco, o responsável saúda o encontro entre o mundo árabe e “chefe máximo da Igreja Católica para um diálogo de opiniões” e fala em respeito que deve ser “implementado e aceite”.

“Há 1400 anos, o profeta Maomé, ao chegar a Medina tinha em agenda convidar os líderes judaicos e cristãos para sentarem num diálogo inter-religioso. Isto é corânico: há um versículo onde Deus diz «oh povos adeptos do livro, vinde e vamos sentar e conversar sobre o que nos une»”, concluiu.

OC/LS

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