Educação: «Novas gerações vivem situações emocionais mais complexas» – Fernando Magalhães

Presidente da Associação Portuguesa de Escolas Católicas olha para o início do ano escolar e para o 2º Congresso nacional da Escola Católica que, em outubro, vai refletir sobre o Pacto Educativo Global

Foto: Lusa

Lisboa, 05 set 2024 (Ecclesia) – Fernando Magalhães, presidente da Associação Portuguesa de Escolas Católicas, disse que as gerações mais novas confrontam-se hoje com “situações emocionais de fronteira muito complexa” e, em muitos casos, “se não for a escola a intervir, mais ninguém intervém”.

“Quando comparamos com gerações anteriores, estes meninos e meninas confrontam-se com situações emocionais de fronteira muito complexas. Muitas das vezes, nestes casos se não é a escola a intervir, não há mais ninguém a intervir”, explica o responsável à Agência ECCLESIA.

O também diretor do Externato Frei Luís de Sousa, na Diocese de Setúbal, em Almada, dá conta de um “cansaço geral social”, não exclusivo dos professores, mas que se alarga a toda a sociedade, com consequência nas relações.

“É um cansaço social que nós temos de interromper e é isso que a escola também tem de conseguir contrariar, o que não é fácil, porque toda a sociedade está ali representada. Os professores e educadores cuidam não só de alunos mas também de filhos”, indica.

Desafiado a olhar para o início do ano escolar, que de acordo com informação do Ministério de Educação começa entre 12 e 16 de setembro, Fernando Magalhães afirma haver sempre um “novo” a acontecer em cada recomeço escolar.

“Ainda que seja um reencontro com as pessoas que conhecemos, há sempre um novo e há o novo que vai determinar um percurso diferente: o aluno novo, os pais novos, os professores novos e tudo isso vai reconfigurando o ambiente como um ambiente naturalmente inaugural”, indica.

A Associação Portuguesa de Escolas Católicas (APEC) está a celebrar 25 anos da sua existência e organiza nos dias 10 e 11 de outubro, em Fátima, o 2.º Congresso Nacional das Escolas Católicas, com o tema «Identidade e Impacto no Mundo Global», numa organização com o Secretariado Nacional de Educação Cristã.

Foto: Agência ECCLESIA/MC

O presidente da APEC sublinha a importância de “salvaguardar a identidade” das escolas católicas e explica a escolha de fazer dos eixos do Pacto Educativo Global, proposto pelo Papa Francisco, o tema do encontro nacional, em outubro.

“Com o Pacto nós não somos protagonistas, mas temos de o levar aos outros, porque o Papa pede-nos para fazer alianças com todos os atores sociais na educação e demais instituições, quer na micro como na macro escala”, explica.

O Papa Francisco pede que o Pacto Educativo Global, lançado em 2019, coloque a pessoa no centro de cada processo educativo; ouça as gerações mais novas; Promova e reconheça os direitos das mulheres e a igualdade e favoreça a sua participação na educação; responsabilize a família no processo da educação; eduque para o acolhimento, incluindo os mais vulneráveis e marginalizados; renove a economia e a política; cuide da casa comum – protegendo os seus recursos, adotando estilos de vida mais sóbrios e visando energias renováveis e respeitosas do meio ambiente.

O 2.º Congresso vai debruçar-se sobre cada um dos objetivos do pacto com diferentes convidados e no final, o professor Alfredo Teixeira, que vai estar presente ao longo de todo o Congresso, “vai lançar um conjunto de perspetivas emergentes” identificando caminhos de futuro.

“É no exercício da partilha que nós processamos novas ideias e novas formas de fazer, ajudando que esta identidade da escola católica não nos coloque numa relação umbiguista sobre nós próprios, mas fazendo para os outros, para a vida, para o mundo”, finaliza.

A conversa com Fernando Magalhães vai estar no centro do programa ECCLESIA, na Antena 1, este sábado, pelas 06h00.

LS

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