Educação: Confissões religiosas destacam «cultura do diálogo» inserida no Pacto Educativo Global

Igreja Católica, Igreja Presbiteriana, Comunidade Islâmica e União Budista Portuguesa estiveram representadas em debate sobre a educação e o Pacto Educativo em contexto inter-religioso

Fátima, 15 out 2024 (Ecclesia) – Khalid Jamal, da direção da Comunidade Islâmica de Lisboa, afirmou hoje no programa Ecclesia que um dos contributos mais importantes do Pacto Educativo Global “é a criação de uma cultura de diálogo”.

“Infelizmente, nos tempos mais recentes, como sabemos, repletos de desafios, nós, a humanidade em geral e, em particular, nalguns seios ou nalguns setores, temos tido alguma dificuldade em acolher e a cautelar no seio da sociedade civil uma cultura de diálogo”, disse, no debate sobre a educação e a receção do Pacto Educativo em contexto inter-religioso, realizado no contexto do II Congresso Nacional da Escola Católica.

Além de Khalid Jamal, da comunidade Islâmica de Lisboa, também a Igreja Católica, a Igreja Presbiteriana e a União Budista Portuguesa estiveram representadas no momento através das intervenções de João Paiva, João Pereira e Paulo Borges (Testemunho gravado), respetivamente.

O dirigente da Comunidade Islâmica de Lisboa acredita que o diálogo é um meio para atingir muitos dos compromissos expostos no Pacto Educativo Global, proposto pelo Papa Francisco, que visa um mundo diferente, na promoção do diálogo ente culturas, da paz e da ecologia integral.

“É preciso refletir sobre este pacto e sobre os enormes compromissos que ele almeja e desconstruir a ideia de que a diversidade não é uma riqueza, que também é uma convicção que muitas vezes temos, e que quem é diferente de mim ou essa diferença representa ou constitui uma ameaça”, assinalou.

João Paiva, da Igreja Católica, realçou que o Pacto Educativo Global faz “um convite muito grande a propósito do diálogo inter-religioso para a abertura”.

“Para nós cristãos católicos e precisamente inspirados no Evangelho e em Jesus de Nazaré, o diálogo em geral e o diálogo com as outras religiões e com as suas verdades e com as suas coisas preciosas, é um lugar fundamental e não negociável”, afirmou.

João Pereira, da Igreja Presbiteriana, defendeu que o Pacto Educativo Global “é profético”.

“Profeta é aquela pessoa que, a partir da presença, da intuição, cada um fará a sua leitura, tem a capacidade de ler a situação de vida atual de um povo, no caso concreto é do mundo, tem essa capacidade de ler, tem a capacidade de chamar a atenção, colocando os dedos nas feridas e a capacidade de apontar caminhos. E este pacto, eu penso que ele faz isso”, destacou.

Através de um testemunho gravado, Paulo Borges, da União Budista Portuguesa, referiu que o Pacto Educativo Global é uma “proposta de transformação profunda da cultura e da civilização”, no sentido de colocar as vidas individuais ao serviço do bem comum, ao serviço da comunidade, não só dos seres humanos, mas da comunidade de todos os seres vivos do próprio planeta.

Foto: João Cláudio Fernandes

Khalid Jamal, da Comunidade Islâmica de Lisboa, destacou ainda o compromisso número 1 do Pacto Educativo Global que fala em “colocar a pessoa no centro de cada processo educativo”.

“Eu acho que é absolutamente indesejável que a pessoa deixe de ser o centro e que nós percamos aquilo que é tão próprio e tão peculiar e característico da nossa vivência em sociedade, que é no fundo o aspeto relacional que nos caracteriza, independentemente das nossas atividades, dos múltiplos papéis, seja na qualidade de educadores, seja na qualidade de recetores, muitas vezes, ou de protagonistas das nossas vidas, quer pessoais, quer profissionais”, ressaltou.

Além disso, dirigente da Comunidade Islâmica de Lisboa sublinhou a importância de ouvir as gerações mais novas.

“A pergunta e o desafio que eu deixo é: Quantas vezes nós deixamos que os mais jovens assumam a centralidade do discurso e que tenham o poder que nós? Muitas vezes, temos a convicção de que eles têm de ter, mas depois, na realidade, nem sempre é acompanhado da convicção da confiança e de, realmente, transmitir e transmutar esse poder para essas gerações mais novas”, reconheceu.

O Centro Pastoral de Paulo VI acolheu, nos dias 10 e 11 de outubro, o II Congresso Nacional da Escola Católica, com o tema “Escola Católica – identidade e pacto num mundo global”, em que participaram 350 educadores católicos.

PR/LJ

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