Ecumenismo: Papa apresenta quatro pontos cardeais da «plena comunhão», em encontro com jovens sacerdotes e monges

«Dom, harmonia, caminho, missão», indicou Francisco, inspirado pela celebração de Pentecostes

Lisboa, 03 jun 2022 (Ecclesia) – O Papa Francisco partilhou hoje quatro pensamentos sobre “a unidade total” dos cristãos a jovens sacerdotes e monges das Igrejas Ortodoxas Orientais, inspirado pelo Pentecostes, solenidade que a Igreja Católica celebra este domingo.

Francisco começou por indicar que o primeiro pensamento é que “a unidade é um dom, um fogo que vem do Alto”, na audiência realizada esta manhã, no Vaticano.

“A realização da unidade não é primariamente um fruto da terra, mas do Céu; não é nem mesmo o resultado de nossos esforços e acordos, mas da ação do Espírito Santo, a quem devemos abrir nossos corações com confiança para que nos conduza pelos caminhos da plena comunhão. A unidade é uma graça, um dom”, desenvolveu.

Depois, o Papa indicou que a unidade é “harmonia na diversidade dos carismas despertados pelo Espírito”, no segundo pensamento.

“Porque o Espírito Santo ama despertar tanto a multiplicidade quanto a unidade, como em Pentecostes, onde as diferentes línguas não foram reduzidas a uma só, mas assimiladas em sua pluralidade. A harmonia é o caminho do Espírito, porque Ele mesmo, como diz São Basílio, o Grande, é a harmonia”, acrescentou.

O terceiro ensinamento, segundo Francisco, é que “a unidade é um caminho”, e é realizada no movimento, “no novo dinamismo que o Espírito, a partir de Pentecostes, transmite aos discípulos”.

É feito à medida que caminhamos: cresce na partilha, passo a passo, na disponibilidade comum de acolher as alegrias e as fadigas da viagem, nas surpresas que surgem ao longo do caminho”.

Neste terceiro ponto, o Papa recordou Santo Irineu (séc. II-III), que proclamou doutor da Igreja, com o título de ‘Doctor unitatis’ (“doutor da unidade”), a 21 de janeiro, e a expressão “uma caravana de irmãos”.

“Nesta caravana, a unidade cresce e amadurece, o que – no estilo de Deus – não chega como um milagre improvisado e surpreendente, mas na partilha paciente e perseverante de uma caminhada feita juntos”, referiu.

O Papa afirmou ainda que “a unidade é para a missão”, não é um fim em si mesma, mas está ligada à fecundidade do anúncio.

“No Pentecostes, a Igreja nasce missionária e hoje o mundo ainda está esperando, mesmo sem saber, para aprender sobre o Evangelho da caridade, da liberdade e da paz que somos chamados a testemunhar juntos, não uns contra os outros ou longe uns dos outros”, disse à delegação de jovens sacerdotes e monges das Igrejas Ortodoxas Orientais.

Francisco agradeceu por todas as sementes de amor e esperança “espalhadas, em nome do Crucificado Ressuscitado, nas várias regiões ainda marcadas, infelizmente, pela violência e pelos conflitos muitas vezes esquecidos”.

“Que a cruz de Cristo seja a bússola que nos orienta no caminho da plena unidade; E por isso coloco idealmente nos braços da cruz, no altar da unidade, as palavras que queria partilhar com vocês, quase como quatro pontos cardeais de plena comunhão, que é dom, harmonia, caminho, missão”, assinalou Papa, na audiência que se concluiu com a recitação do Pai Nosso.

CB/OC

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