Direitos Humanos: «Não há maior inimigo da liberdade religiosa do que o autoritarismo político» – Augusto Santos Silva (c/vídeo)

Parlamento da República acolheu sessão de lançamento de relatório elaborado pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre

 

Lisboa, 22 jun 2023 (Ecclesia) – O presidente da Assembleia da República disse hoje, em Lisboa, que a democracia é um aliado da liberdade de culto e de consciência, destacando o contributo dos países lusófonas para a defesa deste direito.

“Não há maior inimigo da liberdade religiosa do que o autoritarismo político”, referiu Augusto Santos Silva, no encerramento da sessão de lançamento do Relatório 2023 sobre a Liberdade Religiosa da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), no Palácio de São Bento

Em Portugal, o lançamento da fundação pontifícia coincidiu com a comemoração do Dia Nacional da Liberdade Religiosa e do Diálogo Inter-religioso.

Para Santos Silva, há uma “conjugação de esforços” muito importante para a defesa deste direito em Portugal, convidando à atenção perante sinais “muito preocupantes” e “sementes” de perseguição.

O presidente da Assembleia da República agradeceu aos deputados e representantes religiosos presentes no evento, apontando a um caminho de diálogo entre as instituições democráticas e as comunidades religiosas.

A sessão contou com uma intervenção do presidente da Comissão para a Liberdade Religiosa, José Vera Jardim, o qual falou num documento de “consulta indispensável” para quem se “ocupa e preocupa” com este direito fundamental.

“Não tenho uma leitura otimista da situação atual”, advertiu, destacando a discriminação ou perseguição alargada em vários países, por motivos étnicos ou políticos, homenageando “os que pagam com a própria vida a fidelidade às suas crenças”.

O Relatório, na 16ª edição, é produzido a nível internacional por uma equipa pluridisciplinar e coordenado pela fundação pontifícia AIS.

José Manuel Fernandes, ‘publisher’ da Rádio Observador, apresentou as principais conclusões do documento, destacando que o respeito pela liberdade religiosa traduz, por norma, um “clima de tolerância” nas sociedades em causa.

“Quando falamos de limitações e atentados à liberdade religiosa, não falamos sempre dos mesmos problemas nem do mesmo tipo de atores”, precisou, apontando a questões que se têm levantado, também, no mundo ocidental.

O jornalista aludiu à atuação de movimentos extremistas, nacionalismos ou à ação de alguns Estados, dando como exemplo a vigilância estatal, na China, que “condiciona” as consciências.

O padre espiritano Bernard Adukwu, oriundo da Diocese de Idah, na Nigéria, apresentou um testemunho sobre a situação no norte do país, um dos classificados na “categoria vermelha”, a mais grave do relatório, que inclui 28 países que se “transformaram, de alguma forma nos locais mais perigosos do mundo para a prática livre da religião”.

Esta categoria aborda situações de perseguição, crimes de ódio e violência desencadeada por motivos religiosos, representando 14% dos 196 países sob análise no Relatório 2023 sobre a Liberdade Religiosa no Mundo.

Catarina Martins de Bettencourt, diretora do secretariado português da Fundação AIS, “divulgar o relatório” junto das redes de contactos, para informar cada vez mais pessoas e pressionar instituições nacionais e internacionais, para que “os países infratores deixem de violar este direito fundamental”, que é a liberdade religiosa.

O Relatório 2023, enviado à Agência ECCLESIA, mostra que a liberdade religiosa foi violada em países onde vivem mais de 4,9 mil milhões de pessoas; em 61 dos 196 países sob análise, os cidadãos enfrentaram graves violações.

“Uma das regiões do globo onde a perseguição por motivos religiosos se acentuou mais foi em África. Este continua a ser o continente mais violento, com um aumento dos ataques jihadistas, o que torna a situação da liberdade religiosa ainda mais alarmante”, adverte o documento.

OC

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