«Há um país que os quer acolher e há um país que acredita no seu potencial e que os acolhe de braços abertos» – Ana Mansoa
Lisboa, 09 dez 2024 (Ecclesia) – O Centro Padre Alves Correia (CEPAC), instituição dos Missionários do Espírito Santo (Espiritanos) em Lisboa, tem como lema ‘construir esperança’, que tentam “fazer com todas as pessoas que batem à porta”, através da sua capacitação e diversos serviços.
“Sejam eles imigrantes, refugiados, requerentes de asilo, acolhemos muitas mulheres sozinhas, mães solteiras, e, portanto, a nossa principal palavra é que é possível reconstruir uma vida depois de se fugir de contextos de perseguição, de guerra, de fome, e que há um país que os quer acolher e há um país que acredita no seu potencial e que os acolhe de braços abertos”, disse a diretora-executiva do CEPAC à Agência ECCLESIA.
Ana Mansoa, na entrevista realizada no âmbito do Dia Internacional dos Direitos Humanos, que se comemoram a 10 de dezembro, explica que a missão do CEPAC é apoiar as pessoas que os procuram “na construção ou reconstrução de projetos de vida, do seu projeto de vida”, que cada pessoa sinta que “é o ator principal da sua história”.
“Aquilo que tentamos fazer com as pessoas que nos procuram, e é um caminho, muitas vezes, longo, porque estamos a falar de pessoas que vêm, muitas delas, com níveis de autoestima absolutamente destruídos e, muitas vezes, sem grande capacidade de confiar nas suas competências e nas suas qualificações”, assinalou.
Neste contexto, acrescenta a responsável, o Centro Padre Alves Correia começa por devolver “essa confiança, essa autoconfiança” a quem os procura, antes ainda da empregabilidade, e realça que “há uma série de outras questões”, no domínio de apoio documental, apoio jurídico, apoio social, no acesso à habitação, etc, “que são fundamentais antes ainda de trabalharmos as competências para a empregabilidade”.
“Sem dúvida, a empregabilidade, o desenvolvimento de competências, e esta interação com o mercado de trabalho português que tentamos fazer de fazer um ‘match’ entre as necessidades do mercado e os perfis destas pessoas, muitas delas muito qualificadas”, desenvolveu.
O Centro Padre Alves Correia, tem 33 anos de existência, e, segundo a diretora-executiva, acolhe um público “cada vez mais diverso”, quando foi criado eram mais procurados por pessoas “essencialmente dos PALOP, inicialmente de Cabo Verde e depois dos outros PALOP”, por uma questão histórica e por serem territórios de missão dos Espiritanos, “cada vez mais”, são procurados por pessoas do Sudeste Asiático.
“Ao contrário dos números nacionais, chegam-nos mais mulheres do que homens. Acreditamos que é mais fácil os homens, apesar de tudo, conseguirem uma integração no mercado de trabalho do que as mulheres. São elas, muitas vezes, o garante da família, ficam em casa com os filhos e, todo o acesso à educação, à formação e à integração no mercado de trabalho fica mais comprometida e mais atrasada”, desenvolveu.
A instituição sem fins lucrativos, com personalidade jurídica no foro canónico e civil, criada em 1992, desenvolve várias campanhas, ações e projetos, como a Boutique Bu Gosta (‘eu gosto’), que adota o conceito de loja social, e a Mercearia Sabura (‘saboroso’), “dois espaços inovadores” que o CEPAC inaugurou nos últimos três anos.
“A Boutique Bu Gosta é um espaço onde nós queremos promover autoestima, onde queremos que as pessoas entrem como se estivessem numa loja, numa boutique normal e que possam escolher a sua roupa com toda a dignidade e que tenham orgulho de se olhar no espelho. E a Merceria Sabura, quer temos de porta aberta para a rua, as pessoas também podem escolher os seus alimentos, fazer as suas escolhas responsáveis e conscientes do ponto de vista nutricional”, explicou Ana Mansoa, no Programa ECCLESIA, emitido esta segunda-feira, na RTP2.
Não queremos de forma nenhuma que recorram às nossas respostas de um modo assistencialista e apenas com a ação de um dos lados e promovemos sempre o envolvimento também no próprio desenho e na forma”.
‘Nossos direitos, nosso futuro, agora’, é o tema do Dia Internacional dos Direitos Humanos 2024, que se celebra a 10 de dezembro, dia em que a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou a Declaração Universal dos Direitos do Homem em Paris, em 1948.
PR/CB/OC