D. António Francisco dos Santos: Município de Lamego homenageou o bispo que afirmou «Os pobres não podem esperar»

Caridade, evangelização e oração foram facetas lembradas em cerimónia que contou com diversos testemunhos sobre o antigo bispo do Porto

Foto: Município de Lamego

Lamego, 20 mar 2021 (Ecclesia) – O município de Lamego homenageou D. António Francisco dos Santos com a construção de um memorial evocativo, que apresenta a inscrição «Os pobres não podem esperar», num local onde vai ser erguida uma estátua do artista Francisco Laranjo.

D. António Francisco dos Santos, bispo do Porto, natural de Tendais, em Cinfães, faleceu a 11 de setembro de 2017, e foi lembrado como um “vizinho da porta ao lado”, “com coração de pai”, e recordadas as suas capacidades de “amar e imitar a Deus”.

D. António Moiteiro, bispo de Aveiro, que sucedeu em 2014 a D. António Francisco dos Santos, sublinhou os aspetos que “sintetizam a vida e a presença”: “a paixão pela caridade, o ardor pela evangelização dos crentes e não crentes e o seu espírito de oração”.

O atual bispo do Porto, D. Manuel Linda, frisou que a capacidade de “diálogo com todos”, mostra como a relação atual, “marcada na sociedade pela globalidade”, se deve assemelhar a uma relação de vizinhança.

“D. António era o vizinho de Tendais que lidava com a vizinha da porta da frente, a criança da porta ao lado, o trabalhador que passava para o trabalho agrícola, lidava de forma familiar num à-vontade com todos, e transportou-o no seu lidar de bispo em Braga, em Aveiro e no Porto”, recordou.

D. Jorge Ortiga, que o recebeu em Braga como bispo auxiliar, quis “olhar para a pessoa, não tanto para o seu ministério” e lembrar o “coração de padre” e a “persistência própria de um filho único que teve de encarar a vida sozinho”.

“Nunca se colocou no centro, colocou os outros em primeiro lugar. Tornou a sua vida num dom, para os outros e para a Igreja, e doou-a também aos pobres. É bom que Lamego o recorde, porque não o podemos esquecer. Tenho muito orgulho de o conhecer como amigo, antes de ser bispo, e também, depois, como bispo auxiliar. Continua a não ser esquecido na arquidiocese de Braga”, frisou.

D. António Couto quis associar a paisagem da Serra de Montemuro à personalidade e visão de D. António Francisco dos Santos.

“A partir das criaturas, o menino António soube não manter-se na ignorância acerca de Deus, mas soube chegar ao Deus criador, e viu com os olhos de menino, com emoção e inteligência, viu o Criador”, sublinhou.

Para o bispo de Lamego, o falecido bispo do Porto aprendeu o “amor gratuito de Deus, e descobriu esse amor nele mesmo”: “ É por isso que D. António começa a imitar esse Deus, e por isso vai amar os outros”.

“A frase que se pode ler na rotunda, «Os pobres não podem esperar», podem levar-nos a um equívoco, pode fazer-nos pensar que D. António foi um homem do social – é errado. Foi um homem do amor de Deus que tem em si a sua própria razão. É por causa disso que ele ama os pobres e diz que eles não podem esperar. O amor de Deus tem de chegar a eles como uma torrente. Não se pode desligar Deus e D. António”, acrescentou.

D. Américo Aguiar, bispo auxiliar de Lisboa que foi vigário episcopal de D. António Francisco dos santos, presente na homenagem, recordou o carinho com que falava e a aflição que frequentemente causava quando se encontrava com alguém das terras de Cinfães.

“Lá ia a agenda e o relógio se se cruzava com alguém de Lamego, Cinfães, Resende ou de Paris”, indicou.

“Ele queria meter todos os diocesanos do Porto no seu coração, e o coração humano tem limites. No dia 11 de setembro, o coração dele coincidiu com o coração de Deus”, sublinhou.

O presidente da autarquia sublinhou a sua “dedicação aos jovens e aos mais frágeis, fazendo desses princípios condutores da sua vida” e afirmou que materializar a escultura para finalizar a homenagem será um desafio para toda a comunidade “que lembra D António e manterá a sua memória entre nós”.

“Será com este espírito de D. António que, nestes tempos de dor e sacrifício para todos, em maior ou menor grau, mas também já de esperança, que nos devemos congregar na reconstrução de um futuro promissor, sempre com a maior incidência nos mais carenciados e desfavorecidos, em prol do nosso bem estar coletivo”, afirmou Ângelo Moura, presidente da câmara municipal de Lamego.

LS

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