Cultura: Residência «O Círculo» acolheu quatro artistas durante dois meses para «pensar com calma» e «sem limites para criar»

Resultado de trabalho de jovens, de diversas áreas, pode ser visto na mostra «Não sou do tamanho da sombra que vês», patente no Museu Nacional Machado de Castro até dia 12 de janeiro

Coimbra, 18 dez 2024 (Ecclesia) – Quatro artistas viveram na Residência Artística ‘O Círculo’, promovida pelos Jesuítas, em Cernache, sem quaisquer restrições para criar, e no último domingo, dois meses depois, apresentaram os trabalhos que conceberam, no Museu Nacional Machado de Castro, em Coimbra.

“Foi muito bom, foram dois meses em que tivemos imenso tempo para pensar com calma, sem termos quaisquer restrições ou limites para criar, e é um sítio em que há muito espaço para ser sem pressas”, afirmou Francisca Espregueira, artista plástica e uma das participantes do projeto, em declarações à Agência ECCLESIA.

Foto: Agência ECCLESIA/HM

Teresa Esteves da Fonseca, música e poeta, revela que juntos puderam “trocar ideias”, falar sobre conceitos, trabalhos e processos de cada um, tendo sido sobretudo “um tempo de descanso e trabalho ao mesmo tempo”.

Apesar de participantes não se conhecerem de lado algum, Simão Townshend, músico e compositor, considera que a experiência que integrou correu “muito bem”.

A Residência Artística ‘O Círculo’ acolheu os quatro artistas, com idades entre os 22 e os 32 anos, de diversas áreas, que ao longo do processo foram acompanhados por tutores.

“Esta primeira edição foi um bocadinho testar as águas e perceber se o projeto está nos moldes ideais para receber os artistas, para onde é que podemos apontar, para onde é que devemos também apontar”, indicou João Pedro Filipe, curador da Residência Artística ‘O Círculo’.

A experiência levou cada um, na sua especificidade artística, a procurar inspiração no espaço que habitou durante o período em que viveram juntos.

“Há certas coisas que me fascinam naquele espaço, em especial as ruínas e esta situação do colégio que se foi desfazendo e que se foi transformando noutras coisas, acabou por depositar ali vários objetos em ruína e isso também me foi inspirando ao longo dos anos e nestes dois meses”, explicou Teresa Príncipe, joalheira e ceramista.

Foto: Agência ECCLESIA/HM

O músico e compositor Simão Townshend destaca a vantagem de viver com artistas, algo que o levou a despertar algumas sensibilidades.

“Fiz música, escrevi, um desafio que o meu tutor fez foi escrever ao piano, que nunca tinha feito e, portanto, o que eu vou apresentar é ao piano”, revelou, no dia da apresentação da mostra.

Promovida pela Pastoral Juvenil dos Jesuítas, esta é uma iniciativa que se realiza numa antiga escola católica, mas é aberta a todos.

“Não sou católica, não sou cristã e senti-me sempre super bem-vinda, super integrada e, portanto, acho que, no fundo, foi a abertura para quem quiser explorar essa parte”, afirmou Francisca Espregueira.

O curador da Residência Artística ‘O Círculo’ fala que não fazia sentido o projeto ficar fechado no meio católico, porque o “contexto artístico é muito amplo e não se limita aos católicos”.

“Não sou do tamanho da sombra que vês” é o nome da exposição, que reúne o fruto do trabalho dos jovens artistas e que está patente até dia 12 de janeiro, no Museu Nacional Machado de Castro, em Coimbra, uma das diversas entidades que apoia o projeto.

“O Museu é, desde o primeiro momento, mesmo antes da criação da residência ‘O Círculo’, parceiro. Foi com muito gosto que o Museu acolheu o convite, desafio do João Pedro e do Colégio da Imaculada Conceição, do Padre Samuel, para sermos parceiros”, assinalou Jorge Venceslau, diretor interino do museu.

HM/LJ/PR

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