Cultura/Mulher: «Lugar Comum», uma ópera que traz «histórias e vivências reais» de violência doméstica

«Precisamos de encher palcos, artísticos, sociais, comunicacionais, precisamos de  conversar sobre o que está a acontecer» – Diretor do Departamento de Intervenção Social da Santa Casa da Misericórdia do Porto

Porto, 22 nov 2022 (Ecclesia) – João Belchior, diretor do Departamento de Intervenção Social da Santa Casa Misericórdia do Porto , disse hoje à Agência ECCLESIA que a ópera ‘Lugar Comum’ vai levar ao palco “histórias e vivências reais” de violência, para suscitar a conversa sobre o tema. 

“Precisamos de encher palcos, sejam artísticos, sociais, comunicacionais, precisamos de  conversar sobre o que está a acontecer e de que maneira cada um de nós pode ajudar a eliminar este fenómeno”, indicou.

‘Lugar Comum’, que vai estar em palco nos dias 25 e 26 de novembro, resulta de um trabalho da Santa Casa da Misericórdia do Porto em parceria com o Quarteto Contratempus e o Teatro Rivoli.

“Para assinalarmos o Dia Internacional da Eliminação de toda a Violência contra a Mulher (25 de novembro) considerámos pegar no conhecimento que a Misericórdia tem, por exemplo temos uma casa para mulheres vítimas de violência doméstica há 20 anos, e é uma área que nos preocupa crescentemente”, aponta João Belchior. 

O diretor do Departamento de Intervenção Social da Santa Casa Misericórdia do Porto explica que “há todo um trabalho geracional a ser feito” para que a comunidade em geral se “sinta incomodada com as manifestações de violência e possa ter voz mais ativa na sua gestão e eliminação”.

Considerando o “contexto artístico como transformacional e desafiador”, o entrevistado sublinha que esta ópera é um desafio. 

É um desafio quer para quem o vive na primeira pessoa mas também para quem é desafiado enquanto espectador”.

Depois de já terem usado áreas como a “música, da dança e as artes performativas” para palco de “expressão emocional e intervenção social”, o responsável assume que a comunidade precisa de refletir sobre estas questões de “modo atípico”.

“Juntando os dois parceiros, o Teatro Rivoli e o Quarteto, ao longo de 36 meses desenvolvemos 25 miniprojetos num universo da Misericórdia do Porto, onde todos os nossos utentes foram desafiados a pensar diferentes aspetos da violência doméstica, violência no namoro, questões de risco e proteção, questões da comunicação e carga emocional, e tudo isto serviu de base à opera”, conta. 

João Belchior partilha que este ‘Lugar Comum‘ é o que não se quer que seja a violência doméstica; o Quarteto dá corpo em palco ao “resultado do processo vivencial dos participantes nestes 25 projetos”.

“O libreto foi desenhado com a participação do António Durães que utilizou este reportório de histórias reais, discursos em viva voz e na primeira pessoa, de modo a dar voz a algumas histórias que continuam silenciosas e que, não podemos e não admitimos enquanto instituição, que se mantenham neste lugar comum”, precisa.

A 25 e 26 de novembro, pelas 19h30, no Teatro Rivoli, no Porto, as portas estão abertas e a entrada é gratuita. 

“As portas mais que abertas estão escancaradas e o convite à comunidade é inevitável, qualquer pessoa pode assistir, é gratuito e basta levantar os bilhetes no Rivoli para entrar nesta nossa discussão coletiva”, convida o responsável. 

SN

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