Cultura: Concerto de Natal a seis órgãos com três coros da Academia de Música de Santa Cecília levou «luz e alegria natalícia» à Basílica de Mafra

«Cada um destes concertos é um ato único, aqui se estreiam obras que dificilmente podem ser utilizadas noutros espaços», afirmou Rui Paiva

Foto Agência ECCLESIA/HM

Mafra, 26 dez 2022 (Ecclesia) – A Academia de Música de Santa Cecília, de Lisboa, promoveu a quarta edição de Concertos de Natal na Basílica do Palácio Nacional de Mafra, com um programa “constituído essencialmente por canções tradicionais de natal portuguesas e de outras nacionalidades”.

“Trazemos um reportório completamente novo em relação aos três concertos anteriores, mais uma vez encomendamos reportório tradicional português para ser arranjado para este efetivo dos seis órgãos da basílica e dos três coros da Academia de Música de Santa Cecília”, explicou o maestro António Gonçalves, em declarações à Agência ECCLESIA.

O maestro dos coros da Academia de Música de Santa Cecília assinala que estão a deixar “material musical para gerações futuras”, uma vez que é pouco o que existe para este género de efetivo para esta época de natal.

“E contamos trazer mais um pouco de esperança para estes tempos sombrios que também atravessamos no mundo e, portanto, aproveitamos estes momentos para trazer um pouco dessa luz e dessa alegria natalícia”.

Esta é a quarta edição de concertos de Natal da Academia de Música de Santa Cecília na Basílica do Palácio Nacional de Mafra, depois de 2016, 2017 e 2019, e, segundo o diretor da instituição de ensino, é “sobretudo a música que sobressai”.

“Foi nosso propósito, desde o início, que os programas destes concertos fossem constituídos essencialmente por canções tradicionais de Natal portuguesas e de outras nacionalidades”, acrescentou Rui Paiva.

No concerto, os coros da Academia de Música de Santa Cecília são acompanhados pelos seis órgãos da basílica e, nesta edição, destacou-se também “um conjunto de sopros e percussão”.

“Cada um destes concertos é um ato único, aqui se estreiam obras que dificilmente podem ser utilizadas noutros espaços”, disse Rui Paiva, partilhando o “muito agrado” da Academia por esta iniciativa e que os alunos estavam “felicíssimos” em participar em mais um evento que “já parece que cativou o interesse dos mafrenses e não só”.

Pedro Azoia foi um desses alunos, está no 12º ano de Ciências da Academia de Música de Santa Cecília, tocava guitarra clássica e agora está no coro do secundário, destacou a oportunidade de integrar este concerto.

“Sentimos a oportunidade que nos foi dada graças à escola, uma oportunidade única”, disse à Agência ECCLESIA o jovem estudante que está nesta escola de ensino integrado da música desde os 3 anos de idade.

Para o organista Sérgio Silva “é muito especial tocar em Mafra”, com o seu “conjunto único” de seis órgãos, “como se fosse uma orquestra de órgãos”, depois compor para esta situação, para os coros da Academia, e para explorar a antifonalidade, o espaço, os instrumentos, “tem inúmeras variáveis e foi um grande desafio que o torna especial”.

“Hoje somos levados a interpretar outras épocas, e começam a haver alguns movimentos de criação, nomeadamente há um projeto contínuo para os órgãos de Mafra, mas acho que ainda há muito para fazer ao facto de criar música, fazer música na sua época, continua a ser um caminho por explorar e a construir em Portugal; movimentos de renovação, de revitalização, património musical que inclui a criação de reportório para a liturgia”, desenvolveu.

O diretor do Palácio Nacional de Mafra destaca o “espaço maravilhoso” escolhido para estes concertos que “foi projetado para a liturgia” e que hoje continua a cumprir essa função, “é um espaço de culto e, simultaneamente, é um espaço cultural” que está aberto a todas as pessoas e que oferece concertos “sempre de grande qualidade”.

“A basílica é o centro, o pulsar desde edifício; o único sítio no mundo onde existem seis órgãos que foram projetados para tocar em conjunto, ou que estão adaptados a essa função”, salientou Sérgio Gorjão, em declarações à Agência ECCLESIA

O historiador lembra que o Palácio Nacional de Mafra é composto por “várias realidades patrimoniais” que se interligam e funcionam em conjunto “neste bem que está inscrito na lista de Património Mundial desde 201, “que é o Real Edifício de Mafra, incluindo o jardim, a tapada”.

A reportagem do Concerto de Natal da Academia de Música de Santa Cecília, na Basílica de Mafra, vai ser apresentada no programa Ecclesia esta terça-feira, dia 27 de dezembro, na RTP2.

Foto Agência ECCLESIA/HM

Rui Paiva observa que na Academia de Música de Santa Cecília, uma escola de ensino integrado da música, “nem todos seguem uma carreira musical”, mas “todos aproveitam muito a música”, que desenvolve um conjunto de capacidades, como “rigor, concentração, a disciplina, o trabalho em conjunto”.

“A aprendizagem que levam destes momentos e de todos os momentos de performance é exatamente essa, a do trabalho, da preparação, da construção, do trabalho de equipa”, acrescentou o António Gonçalves, maestro dos coros da Academia de Música de Santa Cecília.

HM/CB

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