Conversas Originais: Reitor do seminário de Coimbra explica importância das relações como lugares de esperança (c/vídeo)

Padre Nuno Santos é o primeiro convidado das ‘Conversas Originais – das palavras à ação’ da Agência ECCLESIA

Coimbra, 31 ago 2020 (Ecclesia) – O reitor do Seminário Maior da Diocese de Coimbra afirma que quando uma pessoa estabelece uma relação, que “agarra no presente e abre ao futuro”, “traz sempre esperança”, e se a relação for verdadeira é lugar do divino.

“A esperança cristã é que essa marca tem uma conotação positiva, como dizia o Papa Bento XVI ‘não nos tira nada, dá-nos tudo’. Essa marca da relação é uma marca com Cristo: Como Cristo me amou também eu devo amar, como Cristo me dá esperança, também posso dar esperança aos outros”, disse o padre Nuno Santos, em entrevista à Agência ECCLESIA.

[Foto: Correio de Coimbra]
O sacerdote da Diocese de Coimbra explica que Jesus “é um homem entre os homens” a celebrar “a vida do encontro e os encontros” e é esse o desafio de “todos criados à imagem e semelhança de Deus”.

“Porque acreditamos nisso, acreditamos também que é na relação que constituímos essa esperança. Isso faz com que o quotidiano esteja cheio de eternidade, faz com que o modo como nos relacionamos concretamente não pode ser apenas humano mas é profundamente divino”, desenvolve no programa de rádio Ecclesia desta segunda-feira.

O reitor do Seminário Maior da Diocese de Coimbra observa que uma pessoa que não é crente pode dizer que “não” tem “essa experiência” dentro de si, mas a esperança na relação, que “é profunda e verdadeira e que é fundada no amor, na verdade, abre ao humano, já abre ao divino”.

O autor da tese de douturamento ‘A esperança que Jesus dá’ destaca que a relação “é essencial” e afirma que o “maior problema da religião, e concretamente do Cristianismo”, foi quando “secundarizou a relação”, quando se pensou que a Teologia ou o teórico “podia prescindir da relação”.

“Não pode e quando o faz perde o núcleo central do Evangelho que é o amor e que é exatamente a relação. O que acontece é que podemos teorizar a partir da relação um dinamismo que depois volta ele próprio a ser relação. O facto de pensarmos sobre o amor não nos dispensa de amar”, desenvolveu.

Desde março, para evitar o contágio do novo coronavírus Covid-19, a Igreja Católica em Portugal, como toda a sociedade, teve de viver sem a relação física mas procurou sempre uma solução para a esperança.

Para o padre Nuno Santos, o contexto pandémico, primeiro, “é como um acidente de carro”, isto é, “a vida segue bem”, “vai organizada dentro de uma certa expetativa”, as pessoas vão “felizes e contentes”, e de repente têm “inesperadamente um grande acidente” e o confinamento em casa desencadeou “um momento de desconstrução de toda uma realidade”.

“Fomos educados, até pelo cristianismo, a abraçar, a aproximar. O abraço da paz é um elemento constitutivo da própria Eucaristia. Toda uma vida parece ali perder sentido e contexto. Diria que esse foi o primeiro choque. O segundo elemento foi como estabelecer relação num contexto em que a relação parece que é um perigo quase”, explicou o sacerdote, que é o primeiro convidado das ‘Conversas Originais – das palavras à ação’ que vão marcar o mês de setembro na Agência ECCLESIA – às 17h00 de segunda a sexta-feira – e que hoje têm início.

Segundo o padre Nuno Santos, cada vez mais, a Igreja precisa de “superar barreiras que possam parecer demasiadas definidas” e dentro da Igreja é preciso pensar “entre buscadores e pessoas instaladas, que não querem nada ou que não procuram nada”.

“A questão é como levar sede a quem não tem sede, não é só estar a acompanhar os buscadores, isso sim é o caminho, mas ainda mais profundamente perceber porque é que não há sede nesta geração de Deus. Se não conheço não posso amar mas se não tenho sede nunca vou pedir água”, desenvolveu o sacerdote que esta semana é convidado do programa de rádio Ecclesia, pelas 22h45, na Antena 1 da rádio pública.

LS/CB

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