Comunicações Sociais: «Inteligência Artificial vai ser um grande avanço, mas não podemos perder a humanização» – Daniel Catalão (c/vídeo)

Jornalista especializado em novas tecnologias e internet assinala que «nada pode ser feito pela máquina e publicado» sem passar pelo «crivo do humano»

Porto, 24 jan 2024 (Ecclesia) – O jornalista Daniel Catalão afirmou hoje que a parte positiva da ‘Inteligência Artificial’ (IA) “é excelente”, mas “convém alertar sempre para a parte negativa” para as pessoas estarem atentas, porque “o humano aqui é a chave”.

“A ‘Inteligência Artificial’ vai ser um grande avanço, mas não podemos perder a humanização, nós temos de saber utilizar a ‘Inteligência Artificial’ a nosso proveito e não contra nós, também tenho algum receio. Eu não receio a tecnologia, eu receio é o homem, porque o homem é que é o problema”, disse Daniel Catalão, em entrevista à Agência ECCLESIA.

O Vaticano divulgou, esta quarta-feira, 24 de janeiro, a mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2024, no dia da memória litúrgica de São Francisco de Sales (1567-1622), padroeiro dos jornalistas; ‘Inteligência artificial e sabedoria do coração: para uma comunicação plenamente humana’, foi o tema escolhido.

“Acho que toca no ponto, o coração é a metáfora do humano, da humanidade, e acho que tem de ser muito isso”, afirmou Daniel Catalão, exemplificando que a ‘Inteligência Artificial’ “não é apenas mais uma ferramenta” porque, ao contrário de um martelo que “não decide pregar um prego, a ‘Inteligência Artificial’ sugere, analisa e faz coisas”, mas “o humano é a chave”.

Na mensagem, o Papa escreve que é importante ter a “possibilidade de perceber, compreender e regulamentar instrumentos que, em mãos erradas, poderiam abrir cenários negativos”, salientando que os sistemas de inteligência artificial podem “contribuir para o processo de libertação da ignorância e facilitar a troca de informações entre diferentes povos e gerações”, mas, simultaneamente, serem instrumentos de “«poluição cognitiva»”.

O jornalista Daniel Catalão destaca que para a comunicação as potencialidades da IA são “muito grandes” e pode ajudar a fazer “alguns trabalhos rotineiros” e já existe em transcrições, traduções, na produção de “algumas notícias que não requerem muito criatividade”, como uma breve sobre a bolsa, sobre a meteorologia, ajudara a escrever resultados de jogos desportivos.

“O grande problema que se coloca é a desinformação ou a forma como vamos usar a inteligência artificial, e com que objetivo. Se na realidade é possível produzir tanta desinformação à mão, escrita por pessoas, uma máquina que consegue escrever textos eloquentes, como se fossem humanos, consegue produzir desinformação e escrever aquilo que quisermos, com orientações”, desenvolveu o jornalista especializado em novas tecnologias e internet.

O entrevistado lembra a ‘Carta de Paris sobre IA e Jornalismo’, publicada a 10 de novembro de 2023, pela organização internacional ‘Repórteres Sem Fronteiras’ (RSF), com 16 parceiros, que apresenta 10 princípios, e explica que já se chegou à conclusão que existem “produtos noticiosos que podem ser feitos pela máquina” mas o princípio é que “tudo tem de passar pelo controlo humano”.

“Nada pode ser feito pela máquina e publicado pela máquina sem passar pelo crivo do humano. Exatamente para perceber o que é que ali foi escrito e o que é que vai sair”, realçou Daniel Catalão, no Programa ECCLESIA, transmitido esta quarta-feira, na RTP2.

Na mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2024, o Papa Francisco alerta que a utilização da IA “poderá proporcionar um contributo positivo no âmbito da comunicação, se não anular o papel do jornalismo no local”.

“Obviamente que sempre que vem uma nova tecnologia que tem potencial para substituir o humano, isso vai acontecer mais tarde ou mais cedo em diversas funções; agora o que se discute é se os jornalistas também correm o risco de ser substituídos, a verdade é que já o foram em algumas empresas nos Estados Unidos da América e na Alemanha”, desenvolveu Daniel Catalão, lembrando que o “jornalismo é um bem social”.

O Dia Mundial das Comunicações Sociais é a única celebração do género estabelecida pelo Concílio Vaticano II, no decreto ‘Inter Mirifica’, em 1963; assinala-se, em cada ano, no domingo antes do Pentecostes – 12 de maio, em 2024.

PR/CB/OC

 

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