«Precisamos de ser dinâmicos na vida da cidade e da arquidiocese», indicou D. José Cordeiro, que interrogou «haver tanta pobreza, precariedade do trabalho, jovens a emigrar», famílias que «não têm dignidade de habitação»
Braga, 07 dez 2024 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga disse que é “fundamental” estarem “despertos diante da realidade” e apresentou exemplos, como o “grito dos pobres e dos migrantes”, e o “clamor do planeta e das suas criaturas”, na Solenidade de São Geraldo.
“É fundamental estarmos despertos diante da realidade, para que as coisas que acontecem à nossa volta não nos passem ao lado”, alertou D. José Cordeiro, na Eucaristia da Solenidade de São Geraldo, padroeiro da cidade de Braga, na homilia publicada online pela Arquidiocese minhota.
Para arcebispo de Braga, precisam de “ser dinâmicos na vida da cidade e da arquidiocese” e destacou que têm de estar atentos à Palavra de Deus, “que sempre desinstala”, estar também “atentos ao grito dos pobres e dos migrantes” e estar atentos ao mundo, “ao clamor do planeta e das suas criaturas”, que tantas vezes ignoram e não cuidam, “como mostram as diversas catástrofes naturais das últimas semanas”.
“Porque continua a haver tanta pobreza? Porque tantas famílias não têm dignidade de habitação? Porque tantas pessoas não tem trabalho? Porque há tanta precariedade do trabalho? Porque existem longos e desregulados horários de trabalho? Porque continuam os jovens a emigrar?”
Segundo D. José Cordeiro, só com “essa atitude atenta e vigilante” serão capazes de perceber que “tudo na existência se mostra grávido de Deus”, e que Ele vem para “salvar e engrandecer; para libertar das teias do pecado”.
Na Solenidade de São Geraldo, esta quinta-feira, dia 6 de dezembro, foi lida a parábola do ‘Servo Vigilante’ que, assinalou o responsável diocesano, foi “deveras apropriada” para este tempo litúrgico de Advento, na Igreja Católica, e para a vida do padroeiro da cidade de Braga.
“Cristo diz que devemos ter os ‘rins cingidos e as lâmpadas acesas’; trazendo estes significados para os nossos dias e para as nossas vidas, a parábola indica a necessidade do compromisso sério de sermos servidores do Evangelho e para a necessidade contínua de nos prepararmos para receber o Senhor, estando vigilantes, em atitude de conversão contínua”, explicou D. José Cordeiro, na Sé de Braga.
“Da sua biografia, escrita pelo Bispo Bernardo, seu contemporâneo, percebemos que S. Geraldo viveu continuamente de rins cingidos e lâmpada acesa, e que mesmo quando a força física faltava, não se escusava de continuar a exercer prontamente o ministério que lhe tinha sido confiado.”
Na homilia intitulada ‘Que passos de esperança?’, o arcebispo de Braga realçou que estão “a viver uma mudança de época”, como afirma o Papa Francisco, por isso, têm a tarefa de “encontrar novos caminhos para anunciar o imutável Evangelho de Cristo”.
“É tempo de ser esperança. No seu tempo, a fé de S. Geraldo proporcionou o milagre da fruta. A nós caberá, nos pequenos milagres do quotidiano, levar a que sobre todos seja derramado o ‘azeite da alegria’ proclamando o ‘ano de graça do Senhor’”.
D. José Cordeiro começou a sua homilia a explicar que tinham iniciado “um novo Ano litúrgico e pastoral, início também do Tempo do Advento”, de preparação para o Natal, este ano no dia 1 de dezembro.
“O Advento é um tempo de graça, de expetativa alegre da esperança; Temos de estar atentos e vigiar, para perceber os sinais que nos indicam que o Senhor vem ao nosso encontro; Ele é um peregrino, sem lar, que quer fazer do nosso coração a casa onde habitar”, referiu no dia do padroeiro da cidade de Braga.
Na manhã desta quinta-feira, a Sé de Braga recebeu também a dramatização do ‘Milagre da Fruta’ de São Geraldo – que nasceu em França e, no ano de 1099, foi eleito bispo de Braga -, que “há cerca de 20 anos” é apresentado pelas crianças da escola EB1 da Sé; os altares da Capela de São Geraldo foram adornados com vários frutos, como é tradição neste dia.
CB