Beja: Cáritas Diocesana dinamiza projeto «Humanamente@tivos» até dezembro, com «novas ações» para os idosos

Márcio Guerra adianta que vão promover sessões de nutrição, concertos e contos, pelos meios digitais

Beja, 19 fev 2021 (Ecclesia) – A Cáritas Diocesana de Beja vai continuar a promover o projeto ‘Humanamente@tivos’ que se centra na população idosa, até dezembro, e a partir de abril vai “inovar” com “novas ações”, que resultam da avaliação “muito positiva” feita em 2020.

Em declarações à Agência ECCLESIA, Márcio Guerra adiantou que “sessões de nutrição, de alimentação saudável”, é uma das novas atividades de ‘Humanamente@tivos’ por que alguns dos idosos têm “diabetes e doença coronária” e é importante terem, pelo menos uma vez por mês, encontros com a nutricionista, através de videochamada.

Segundo o técnico superior de Animação Sociocultural da Cáritas Diocesana de Beja vão também promover atividades musicais, com artistas de Cante Alentejano e viola campaniça, e de histórias, de lengalengas, com contadores locais que vão dinamizar sessões onde os idosos podem contar a suas lengalengas.

A terceira nova ação do ‘Humanamente@tivos’, prevista a partir de abril, é um “kit pedagógico”, com “um conjunto de exercícios e vídeos”, que vão pode imprimir e vai ser “disponibilizado às famílias e aos cuidadores informais”.

“Muitos idosos não têm condições socioeconómicas para comprar um tablet e é uma forma de ficar com os exercícios e continuar após o projeto”, acrescentou Márcio Guerra.

O responsável assegura que vão manter toda a ação nos mesmos moldes, “centrada na pessoa e nos domicílios de cada um dos idosos” com o tablet e exercícios de estimulação cognitiva.

O projeto ‘Humanamente@tivos’ da Cáritas Diocesana de Beja surgiu para responder ao “problema concreto” do primeiro confinamento, em 2020, e a “grande preocupação” com os públicos mais vulneráveis que acompanhavam, nomeadamente os idosos, alguns utentes do serviço de apoio domiciliário mas que iam à instituição participar em atividades.

“Não tínhamos uma resposta que pudesse promover o envelhecimento ativo, ocupar o seu lazer, estimulá-los do ponto de vista cognitivo, motor e sensorial”, lembrou Márcio Guerra, indicando que são pessoas entre os 70 e os 85 anos de idade, “com pouca retaguarda familiar” local e alguns com demências.

Entre março e dezembro de 2020, realizaram 448 visitas domiciliárias, mais de 225 atividades, com 30 idosos, 20 utentes do serviço de apoio domiciliário, e os restantes indicados pela Câmara Município de Beja e pela Associação ‘Alememória’.

O técnico superior de Animação Sociocultural salienta que dinamizaram também atividades ligadas à memória, onde as pessoas confecionaram “receitas antigas com a terapeuta”, de costura e exercícios escritos, que “pudessem fazer na ausência da terapeuta”, onde “uma senhora aprendeu a voltar a escrever o seu nome”, para “não centrar a intervenção exclusivamente no tablet”.

Márcio Guerra destaca que a “grande inovação” foi os idosos aprenderem a utilizar estas novas tecnologias – a ligar e desligar o tablet, aceder à internet, a colocar o user e a password – e 17 ficaram “completamente autónomas”, bem como contactar com as famílias.

“Este sentimento mais humano foi importante, falar com os familiares, verem-se, acompanharem a intervenção que a Cáritas fazia e explicar, de certa forma transmitir alguma tranquilidade às famílias sobre todo o processo”, acrescentou, destacando também que “não houve nenhum caso positivo, nem foco de contágio” do novo coronavírus Covid-19.

Em 2020, a Fundação Calouste Gulbenkian e o Instituto da Segurança Social financiaram o projeto e, após a avaliação positiva, a Cáritas Diocesana de Beja “garantiu a responsabilidade do financiamento” por mais seis meses.

Segundo Márcio Guerra, já neste mês de fevereiro, foram “surpreendidos” quando a Fundação Calouste Gulbenkian “lançou o desafio” de manterem o projeto ‘Humanamente@tivos’ até dezembro, com uma comparticipação de cerca de 40%.

CB

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