Ano C – 32.º Domingo do Tempo Comum

Creio em Deus, não de mortos mas de vivos!

A questão central do Evangelho deste trigésimo segundo domingo do tempo comum gira à volta da ressurreição. Percebendo que a perspetiva de Jesus estava próxima da dos fariseus, alguns saduceus apresentaram uma hipótese académica, com o objetivo de ridicularizar a crença na ressurreição: uma mulher casou sucessivamente com sete irmãos, cumprindo a lei do levirato; segundo esta lei, o irmão de um defunto que morria sem filhos devia casar com a viúva, a fim de dar descendência ao falecido e impedir que os bens da família fossem parar a mãos estranhas. E perguntam a Jesus: quando ressuscitarem, a viúva será mulher de qual dos irmãos?

Com esta história caricata, os saduceus, que não acreditam na ressurreição, querem ridicularizar Jesus e a crença na ressurreição.

Claro que a ideia da ressurreição não é evidente para todos. Já os gregos encontrados por São Paulo não acreditavam nisso. E hoje há cristãos, alguns mesmo praticantes, que aderem à teoria da reincarnação, que não tem nada a ver com a ressurreição. Não faltam testemunhos de pessoas que dizem ter recordações de uma vida anterior. Afinal, os saduceus são seriam tão estranhos entre nós, hoje.

Contudo, a ressurreição é uma realidade de mistério acolhido na fé. Quando Jesus ressuscitado apareceu aos seus discípulos, teve que usar muita pedagogia para os convencer de que era verdadeiramente Ele. Eles não acreditaram imediatamente. Basta ver o exemplo de Tomé.

O cerne do ensinamento de Jesus é a sua palavra: «E que os mortos ressuscitam, até Moisés o deu a entender no episódio da sarça-ardente, quando chama ao Senhor o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob. Não é um Deus de mortos, mas de vivos, porque para Ele todos estão vivos».

Deus Criador está para além do tempo. É por um ato infinito e eterno de amor criador que Ele ressuscita cada ser humano, que vem ao mundo como um pedaço de eternidade. Pela sua ressurreição, Jesus abre-nos o caminho da nossa própria vida de plenitude em Deus. Acreditamos mesmo nisto, quando professamos o credo e o pomos em prática?

Recordemos ainda Paulo que nos lembra que, se Cristo não ressuscitou, a nossa fé é vazia de sentido. A fé acontece sobretudo na essência da ressurreição, uma realidade que nos espera. Não vale a pena estar a julgar e a imaginar essa realidade à luz das categorias que marcam a nossa existência finita neste mundo. Pela fé, sabemos que a nossa existência de ressuscitados será uma existência plena, total, nova. Pela fé, acolhemos a ressurreição como certeza, a ser assumida já no nosso peregrinar de fiéis discípulos de Cristo.

Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.org

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