Angra: «Precisam-se amigos e lavadores de pés», seria o anúncio de Jesus, nas portas das casas, às instituições e «lugares de guerra»

D. Armando Esteves Domingues destacou o gesto do lava-pés, porque «não é uma noite em que as palavras devam dominar»

Foto Igreja Açores

Angra do Heroísmo, Açores, 28 mar 2024 (Ecclesia) – O bispo de Angra destacou, na Missa Vespertina da Ceia do Senhor, que ‘Precisam-se lavadores de pés’ seria o anúncio que Jesus colocaria hoje na porta de diversas realidades, onde é necessário “redobrar os cuidados pelas vidas de irmãos”.

“Se, Jesus hoje quisesse colocar um anúncio nas nossas casas de família, nos hospitais, cadeias, recolhimentos, casas de acolhimento, centros sociais, misericórdias, campos de refugiados, nos lugares de guerras. Se quisesse recrutar pessoas para o seu exército que anúncio colocaria nas televisões e nos outdoors da cidade: ‘Precisam-se amigos e lavadores de pés’!”, disse D. Armando Esteves Domingues, relembrando a pergunta que fez aos utentes da Misericórdia, na Sé de Angra.

Na homilia da Missa Vespertina da Ceia do Senhor, enviada à Agência ECCLESIA, o bispo de Angra explica que em todos os lugares destacados é preciso “quem agarre no avental branco, qual bandeira de paz e justiça”, não para se render ao inimigo, “mas para redobrar os cuidados pelas vidas de irmãos com os pés sujos de pó e das feridas, cansados da tortura dos caminhos”.

“Aventais ou bandeiras brancas que mostrem a força arrasadora do amor autêntico e límpido que nunca desarma. O novo mundo começa resistindo à violência ou à vingança. Penso nos nossos irmãos e irmã s em Kiev, em Kharkiv, em Lviv, da Terra Santa, de Gaza. Quantos ali continuam a lavar pés, a ajudar, a socorrer os mais fracos, encontrando, mesmo nestas horas tão difíceis, neste amor que lava-pés, a forca interior e a vitória sobre os medos.”

D Armando Esteves Domingues afirmou que “a noite não é de muitas palavras”, o que deve “dominar”, neste início do Tríduo Pascal, é a “atitude humilde mas majestosa de Jesus, a sua densidade, o silencioso e poderoso magistério das realidades naquela ceia”.

“Com a sua vida e com aquele gesto, Jesus explica o que é a sua existência e o que pode ser a nossa: olhar os outros sempre, todos os dias, sem nos escandalizarmos, amar a sua fraqueza, reavivar em gestos de ternura, de amor audaz, a sua dignidade.”

O bispo de Angra destacou que “vale a pena refletir seriamente” sobre o que o Senhor fez e continua a fazer, “nas suas ações há sempre uma força nova” para fazer aquilo que é dado compreender de vez em quando.

“Pela fé, hoje acompanhamo-lo em casa, no cenáculo, onde as pessoas se amam, se lavam os pés uns aos outros e repartem o pão por amor. Amanhã vamos vê-lo nas ruas da cidade de cruz carregada até ser levantado nela.”

No início da homilia, D. Armando Esteves Domingues começou por explica que o Evangelho de São João convida-os a “entrar juntamente com os apóstolos em casa para a ceia”, a última antes da prisão de Jesus, e explicou que a casa é, por si, “espaço de encontro, de família, de manifestações de afeto e preocupação de uns pelos outros”, onde, se não for mera residência, “tudo é de todos, há ajuda recíproca, complementaridade e os gestos são medidos, têm significado e consequências”.

Segundo o bispo de Angra, a esta ceia, chegaram “cheios de questões escaldantes”, porque mergulhados no meio do mundo, e seria bom “aproveitar e fala-las à mesa”, acrescentando que pensava naqueles que se esforçaram durante a Quaresma por dizer ‘confesso a Deus e a vós irmãos”, e que “saberão, melhor do que antes, que precisam de perdão.

“Aqueles que partilham nas notícias a dor do mundo, todos nós, que estamos perturbados com o conflito na Ucrânia e na Terra Santa e todas as feridas infligidas aos inocentes; aqueles que gostariam de ter um futuro melhor para os seus filhos, veem ainda na instabilidade politica, social, muita escuridão; os frágeis que procuram um abraço de misericórdia e de esperança.”

CB

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