Algarve: «Reconciliar-nos com Deus, com os irmãos, connosco próprios» é oportunidade «oferecida» pela Quaresma, afirma bispo

D. Manuel Quintas assinalou que jejum quaresmal «não pode limitar-se à privação de alimentos», mas «deve ir muito mais além disso», e incentivou a «um jejum de atitudes»

Faro, 15 fev 2024 (Ecclesia) – O bispo do Algarve disse que as práticas penitenciais da tradição bíblica e cristã – oração, esmola, jejum – são três “pilares” que marcam o ritmo da Quaresma e constituem um “termómetro” em que se pode verificar o “grau” da conversão.

“[A conversão] será tanto mais autêntica quanto mais se inspirar na escuta atenta e até prolongada da palavra de Deus, na resposta aos seus apelos, num encontro pessoal e mais íntimo com Cristo na oração e na partilha solidária e fraterna com os mais necessitados, fruto do jejum que a palavra de Deus recomenda”, disse D. Manuel Quintas, na homilia de quarta-feira de Cinzas, na Sé do Algarve, em Faro.

Segundo o bispo diocesano, as práticas penitenciais da tradição bíblica e cristã – oração, esmola, jejum – são três “pilares”, que, de certa maneira, marcam o ritmo da Quaresma e constituem um “termómetro” onde se pode verificar o “grau” da conversão, divulga o jornal diocesano ‘Folha de Domingo’.

D. Manuel Quintas explicou que “a esmola deve ser discreta, desprendida e generosa, concretizada na partilha fraterna e no dom de si mesmo”, a oração simples, sincera, silenciosa e também confiante, “de modo a dar mais espaço à presença de Deus e dos outros na própria vida”, e o jejum “igualmente discreto e secreto”.

“Não pode limitar-se à privação de alimentos. Deve ir muito mais além disso. Tantas vezes oprimimos os outros com os nossos gestos, atitudes e palavras. Passa por aí também um jejum de atitudes”, acrescentou.

A Quaresma é um tempo litúrgico, de 40 dias (a contagem exclui os domingos), de preparação para a Páscoa, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que teve início com a celebração das cinzas, esta quarta-feira, dia 14 de fevereiro.

Foto Folha do Domingo/Samuel Mendonça

“A Quaresma surge sempre como uma oportunidade que nos é oferecida, que nos leva a predispor-nos para rever a nossa situação e, se necessário, reconciliar-nos com Deus, com os irmãos, connosco próprios”, salientou o bispo do Algarve, salientando que este novo tempo litúrgico “constitui seguramente um tempo oportuno para esta resposta pessoal e comunitária”.

Na sua mensagem para a Quaresma, D. Manuel Quintas anunciou que a diocese destina a sua renúncia quaresmal às obras de ampliação do Centro Paroquial de Cachopo, uma remodelação “há muito necessitada, passando de 30 para 55 camas”.

“Apelo à generosidade de todos com a esperança que, por se tratar de uma instituição nossa conhecida, isso possa mobilizar-nos ainda mais, como expressão da nossa comunhão eclesial, com o fim que pretendemos”, pediu o bispo diocesano, esta quarta-feira, na celebração das cinzas, na Sé de Faro, informa o jornal ‘Folha do Domingo’.

A renúncia quaresmal é uma prática em que os fiéis abdicam da compra de bens adquiridos habitualmente noutras épocas do ano, reservando o dinheiro para finalidades especificadas pelo bispo da sua diocese.

CB/OC

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