2022: Comissão Nacional Justiça e Paz apela a debate e diálogo sério na política portuguesa

Organismo católico sublinha mensagem do Papa para o próximo Dia Mundial da Paz, centrada na educação, trabalho e diálogo entre gerações

Lisboa, 30 jan 2021 (Ecclesia) – A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) apelou hoje ao debate e “diálogo sério” na política portuguesa, apontando às eleições legislativas que vão marcar o início de 2022.

“Estando nós a um mês de eleições para a Assembleia da República, o exercício do diálogo podia ser um passo importante para, nas diferenças que são próprias da democracia, se poder falar de ideias, projetos e propostas sem se pôr em causa as pessoas”, indica o organismo católico, em nota enviada à Agência ECCLESIA.

O texto, intitulado ‘Uma paz duradoura’, divulga os apelos lançados pelo Papa na sua mensagem para o próximo Dia Mundial da Paz (1 de janeiro de 2022).

A CNJP cita Francisco e considera que urge uma “política sã, que não se contenta em administrar o existente ‘com remendos ou soluções rápidas’, mas se presta, como forma eminente de amor pelo outro, à busca de projetos compartilhados e sustentáveis”.

“A população portuguesa continua a concentrar-se nos centros urbanos, nomeadamente nos maiores, onde são visíveis em todas as gerações muitas pessoas juntas e sozinhas atacadas pela solidão e pelo isolamento, agravados ainda mais pela crise pandémica”, pode ler-se.

O organismo católico destaca que o a política deve evitar a dependência de “interesses menos nobres”, pedindo que seja “um verdadeiro e generoso serviço capaz de garantir os elementares direitos de todos”.

Nesse sentido, a CNJP lamenta que a sociedade provoque nos mais velhos “um sentimento de inutilidade, de peso social, abrindo caminho para processos de suicídio e eutanásia”.

A mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz 2022 é dedicada ao tema ‘Diálogo entre gerações, educação e trabalho: instrumentos para construir uma paz duradoura’.

A CNJP convida a abrir um “diálogo sério entre as gerações sobre a falta de perspetivas laborais dignas, a ameaça constante do desemprego, as cidades que escorraçam as pessoas para as periferias, as implicações do acentuado envelhecimento da população, o baixíssimo número de nascimentos como se estivéssemos em estado de guerra”.

“Não basta ter um trabalho, pois existe um grupo significativo de pobres com trabalho. Portanto, o trabalho deve ser remunerado de forma justa e não depender de artimanhas legais que o tornam precário”, acrescenta a nota.

Para os trabalhadores e empresários católicos, é urgente enfrentar um verdadeiro diálogo indo às fontes da doutrina social da Igreja, cientes de que a escuta recíproca pode e deve dar frutos que serão generosa riqueza para o bem comum”.

A mensagem dedica um olhar particular ao tema da educação, considerando que este setor tem sido “vítima das crises económicas, financeiras, sociais e culturais”.

“Continua a olhar-se a educação como uma despesa e não como um investimento”, lamenta a CNJP.

Segundo o organismo de leigos católicos, ligado à Conferência Episcopal Portuguesa, a aposta na educação promove um olhar “consciente e responsável para os desafios das alterações climáticas, da inteligência artificial, da hiperdependência tecnológica a resvalar para o foro patológico, das escolas multiculturais, multiétnicas e multirreligiosas”.

“Ao falar-se de educação, esta não deve abranger apenas a exclusividade do Estado, mas permitir que outras respostas possam ser tidas em conta de forma verdadeiramente livre para todos, sem complexos”, prossegue a CNJP.

O Dia Mundial da Paz foi instituído em 1968 pelo Papa Paulo VI (1897-1978) e é celebrado no primeiro dia do novo ano.

OC

 

 

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