Vaticano: Papa reforça críticas a «praga» da bisbilhotice

Francisco apresenta itinerário para «correção fraterna» de quem errou, nas comunidades católicas

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 10 set 2023 (Ecclesia) – O Papa reforçou hoje, no Vaticano, as suas críticas à “praga” da bisbilhotice, sublinhando que a prática de falar mal dos outros “não agrada a Deus”.

“Não me canso de repetir que a bisbilhotice é uma praga na vida das pessoas e das comunidades porque leva à divisão, sofrimento e escândalo, e nunca ajuda a melhorar e a crescer”, disse, desde a janela do apartamento pontifício, antes da recitação do ângelus.

Perante cerca de 20 mil pessoas reunidas na Praça de São Pedro, Francisco destacou que a atitude a tomar, quando alguém se sente prejudicado por outra pessoa, é “conversar com ela cara a cara, de forma leal, para ajudá-la a ver onde está a errar”.

“Faz-se isso para o seu bem, superando a vergonha e encontrando a verdadeira coragem, que não é a de falar mal, mas dizer as coisas na cara, com mansidão e gentileza”, sublinhou.

O Papa falava a partir de uma passagem do Evangelho segundo São Mateus, em que Jesus apresenta um itinerário para a “correção fraterna”, considerando que esta é uma “das expressões mais elevadas do amor e também uma das mais exigentes”.

“Infelizmente, a primeira coisa que geralmente se cria em volta de quem erra é a bisbilhotice, em que todos ficam a saber do erro, com todos os detalhes, exceto a pessoa em questão! Isso não é correto”, advertiu.

Um grande mestre espiritual, São Bernardo de Claraval, dizia que a curiosidade estéril e as palavras superficiais são os primeiros degraus da escada da soberba, que não leva para cima, mas para baixo, precipitando o homem na perdição e na ruína”.

Francisco admitiu que nem sempre uma conversa pessoal é suficiente, recordando que Jesus recomendou que se procurasse ajuda de “pessoas que realmente queiram ajudar aquele irmão ou irmã que errou”.

Um último passo, acrescentou, passa por “envolver a comunidade”, mas sem “ridicularizar a pessoa” nem “envergonhá-la publicamente”.

“Apontar o dedo contra as pessoas não é bom; na verdade, muitas vezes torna mais difícil para quem errou o reconhecimento do próprio erro. Em vez disso, a comunidade deve fazer com que ele ou ela sinta que, ao mesmo tempo em que condena o erro, está próxima com a oração e com o carinho, sempre pronta a oferecer o perdão, a compreensão, e a começar de novo”, precisou.

O Papa assinalou que, muitas vezes, as pessoas guaram “ressentimento” e esperam que o outro vá “pagar” pelo seu erro, deixando algumas questões para a reflexão de todos.

“Rezo por ele ou por ela, peço ajuda para fazer o bem? E as nossas comunidades, cuidam daqueles que caem, para que se possam levantar e começar uma nova vida? Apontam o dedo ou abrem os braços? O que fazes, tu?”, disse.

No final do encontro de oração, Francisco recordou o “querido povo etíope”, que a 12 de setembro assinala o início de um novo ano, segundo o seu calendário tradicional, deixando votos de que a população seja “abençoada com os dons da reconciliação fraterna e da paz”.

Assinalando o início de um novo de catequese, os presentes na Praça de São Pedro receberam um livro editado pelos Salesianos na Itália, “Passo a passo”, que o Papa considerou “um belo presente”.

Francisco agradeceu aos catequistas pela sua “obra preciosa”, desejando que todos os jovens, adolescentes e crianças da catequese sintam “a alegria de encontrar Jesus”.

OC

Partilhar:
Scroll to Top