Vaticano: Papa pede que se superem «medos» que fecham a Igreja e a sociedade

Francisco fala em mundo «barricado nos labirintos das preocupações»

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 28 mai 2023 (Ecclesia) – O Papa alertou hoje no Vaticano para os “medos” que fecham a Igreja e a sociedade, com muitas pessoas “barricadas nos labirintos das preocupações”.

“Irmãos e irmãs, esse encerramento acontece quando, nas situações mais difíceis, permitimos que o medo assuma o controlo e fale mais alto, dentro de nós. Quando o medo entra, fechamo-nos, por causa do medo de não conseguir, de ficar sozinho para enfrentar as batalhas quotidianas, de correr riscos e depois ter deceções, de fazer escolhas erradas”, referiu, desde a janela do apartamento pontifício, antes da recitação da oração do ‘Regina Coeli’.

Perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, após a Missa de Pentecostes a que tinha presidido na Basílica do Vaticano, Francisco alertou que “o medo bloqueia, paralisa, isola também”.

“Pensemos no medo do outro, de quem é estrangeiro, de quem é diferente, de quem pensa de outra forma. E pode até ser medo de Deus: que me castigue, que fique zangado comigo. Se dermos espaço a esses falsos medos, as portas fecham-se, as do coração, da sociedade e até mesmo as portas da Igreja! Onde há medo, há fechamento. E isso não é bom”, acrescentou.

A celebração do Pentecostes, 50 dias depois da Páscoa, evoca a efusão do Espírito Santo, terceira pessoa da Santíssima Trindade na doutrina católica.

O Papa evocou o relato do Evangelho segundo São João, segundo o qual, após a morte de Jesus, os discípulos tinham fechado as portas, “por medo”.

“A morte de Jesus tinha-os chocado, os seus sonhos tinham sido destruídos, as suas esperanças tinham desaparecido, e tinham-se fechado, por dentro”, indicou.

Segundo Francisco, é o Espírito Santo que “liberta das prisões do medo”.

“Quando recebem o Espírito, os apóstolos deixam o cenáculo e saem pelo mundo para perdoar os pecados e proclamar a boa nova. Graças a Ele, os medos são superados e as portas abrem-se”, indicou.

Diante dos medos e dos encerramentos, então, invoquemos o Espírito Santo por nós, pela Igreja e pelo mundo inteiro, para que um novo Pentecostes afaste os medos que nos assaltam e reacenda o fogo do amor de Deus”.

Após a recitação do Regina Coeli, o Papa evocou o 150.º aniversário da morte de Alessandro Manzoni (1785-1873), um poeta, romancista e filósofo italiano, autor do romance ‘I promessi sposi’ (Os noivos), que apresentou como “o cantor das vítimas e dos últimos”.

Francisco recordou, depois, que na próxima quarta-feira, os santuários marianos de todo o mundo vão promover “momentos de oração para apoiar os preparativos” da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que decorre em Roma, em outubro.

“Peçamos à Virgem Maria que acompanhe esta importante etapa da Sínodo com a sua proteção materna”, disse.

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) decidiu alargar esta jornada de “oração mariana”, que passa pelo Santuário de Fátima, a todas as comunidades católicas do país.

OC

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