Vaticano: «Igreja estará sempre grata a Bento XVI», escreve Francisco

Papa assina texto inédito para obra que recolhe «pensamentos espirituais» do seu antecessor

Foto Vatican Media

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Cidade do Vaticano, 04 jan 2023 (Ecclesia) – O Papa Francisco assinou um texto inédito sobre o seu antecessor, Bento XVI, afirmando que a Igreja lhe vai estar “sempre grata”.

“O pensamento de Bento XVI é e permanecerá sempre como um pensamento e um magistério fecundo no tempo, porque se soube concentrar nos pontos de referência fundamentais da nossa vida cristã: em primeiro lugar, a pessoa e a palavra de Jesus Cristo, além das virtudes teologais, ou seja, a caridade, a esperança, a fé. E, por tudo isto, a Igreja lhe estará sempre grata. Para sempre”, escreve, num texto divulgado hoje pelo portal de notícias do Vaticano.

O Papa assina o prefácio do livro ‘Deus é sempre novo. Pensamentos espirituais’ (Livraria Editora do Vaticano), que vai chegar às bancas a 14 de janeiro, com uma recolha de reflexões de Bento XVI, falecido no último dia de 2022, aos 95 anos de idade.

Francisco assinala que o título da obra manifesta “um dos aspetos mais caraterísticos do magistério e da própria visão de fé” do seu predecessor.

“Sim, Deus é sempre novo porque Ele é a fonte e a razão da beleza, da graça e da verdade. Deus nunca é repetitivo, Deus surpreende-nos, Deus traz novidade. A frescura espiritual que transparece destas páginas confirma-o com intensidade”, sustenta.

O Papa presta homenagem a alguém que “fazia teologia de joelhos”, falado de Bento XVI como alguém que “abandonou tudo de si a Deus”.

“A recolha de pensamentos espirituais que se apresenta nestas páginas mostra a capacidade criativa de Bento XVI em saber investigar os vários aspetos do cristianismo com uma fecundidade de imagens, linguagem e perspetivas que se tornam um estímulo contínuo para cultivar o precioso dom de acolher a Deus na própria vida”, pode ler-se.

Francisco sublinha a forma como o seu antecessor soube “fazer interagir coração e razão, pensamento e afetos, racionalidade e emoção” para deixar transparecer a “força disruptiva do Evangelho”.

O livro, acrescenta, é uma “síntese espiritual” dos escritos de Bento XVI, registando, entre outras, a frase “Deus é um acontecimento de amor”.

O Papa recorda o esforço de “diálogo com a cultura de seu tempo” desenvolvido, desde jovem, pelo teólogo Joseph Ratzinger, realçando que Bento XVI “sempre considerou a beleza como um caminho privilegiado para abrir os homens ao transcendente”, em particular pelo seu amor à música.

“Agradecemos a Deus por nos ter dado o Papa Bento XVI: com a sua palavra e o seu testemunho ensinou-nos que, com a reflexão, o pensamento, o estudo, a escuta, o diálogo e sobretudo a oração, é possível servir a Igreja e fazer bem a toda a humanidade; ofereceu-nos ferramentas intelectuais vivas para permitir a cada crente dar razões da sua esperança, recorrendo a um modo de pensar e de comunicar que pudesse ser compreendido pelos seus contemporâneos”, aponta.

A LEV está a levar a cabo a publicação das obras completas (Opera Omnia) de Joseph Ratzinger-Bento XVI (1927-2022).

Um novo volume será lançado na primavera, dedicado a todas as entrevistas concedidas por Joseph Ratzinger antes e depois de sua eleição como Papa.

OC

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