Lisboa assinalou Dia Internacional pela Erradicação da Pobreza
Lisboa, 18 out 2018 (Ecclesia) – A Câmara Municipal de Lisboa e a Associação «Impossible – Passionate Happenings» juntaram-se no Dia Internacional pela Erradicação da Pobreza 2018 para consciencializar as pessoas e desafiar a sociedade a novas formas de viver e solidariedade.
“O grande desafio que lançamos foi desembaraçar dos excessos”, realçou o fundador da Associação ‘Impossible – Passionate Happenings’, esta quarta-feira, depois de uma caminhada pelas ruas de Lisboa onde se pediu um ‘pontapé à pobreza’.
Em declarações à Agência ECCLESIA, Henrique Pinto explica que convidaram as pessoas, ao voltar a casa e “em conjunto com família”, a olhar para o que têm e dizer “isto não é fundamental, não é necessário”.
Tudo o que for para pôr de lado vai ser levado para um armazém, para que esses bens cheguem “àqueles que podem fazer bom uso” deles.
O programa conjunto da «Impossible – Passionate Happenings» e da Câmara Municipal de Lisboa começou com uma sessão de estudos, partilha de ideias, experiências e visões sobre a temática da pobreza, no salão de exposições dos Paços do Concelho.
No fim da conferência, adiantou Henrique Pinto, as pessoas foram desafiadas a ser “alicerce de um novo ou dois postos de trabalho”, com ajudas a partir de cinco euros.
“Ser salário na vida de uma pessoa que precisa muito de trabalhar”, explica.
Na véspera do Dia Internacional pela Erradicação da Pobreza, o Eurostat divulgou que Portugal mantém os 18,3% de Taxa de Risco de Pobreza, após transferências sociais, segundo dados relativos a 2017; a Rede Europeia Anti-Pobreza denunciou a elevada taxa de “trabalhadores pobres” em Portugal, mais de 1,1 milhões.
O vereador dos Direitos Sociais na Câmara Municipal de Lisboa salientou que há um conjunto de direitos sociais que “são de todas as pessoas e não são dados a alguém”, e um é o direito “à vida com dignidade”.
“O trabalho pela erradicação da pobreza, dizia-me há pouco uma pessoa, é caminhar no sentido de tornar possível o que muitos consideram impossível”, referiu Manuel Grilo.
Para a assessora do vereador, Maria Bispo, não é impossível sonhar com a erradicação da pobreza, mostrando grande “preocupação pelas pessoas mais frágeis socialmente” e com um “investimento grande” no setor dos direitos sociais.
“Seria muito importante que as pessoas participassem no acolhimento do que são estas pessoas vítimas sociais”, acrescentou.
O pelouro dos Direitos Sociais tem em si “todas as fragilidades sociais” na área da pobreza e na área das pessoas em situação de sem-abrigo; atualmente existem “cerca de 350 a 400 pessoas” na rua, número que está “a aumentar pelos despejos e circunstâncias da turistificação”.
“Não temos dados de quem vive em casa de familiar, amigos, e há quem tenha casa, mas vive em situação de grande constrangimento social muitas vezes não têm dinheiro para pagar o gás, a água e têm dificuldades no que é provisão alimentar”, referiu Maria Bispo.
A nível mundial, a UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura contabiliza que são mais de 840 milhões de pessoas que passam fome extrema.
‘Pão sim, pobreza não’ foi outra frase de protesto e alerta que se ouviu na caminhada ‘Impossible Walkers, caminhar pelo impossível’; começou junto ao Arco do Triunfo da Rua Augusta em direção à Praça do Rossio (Praça de D. Pedro IV), desceu a Rua Áurea, passou na Estação do Rossio, no Terminal do Terreiro do Terreiro do Paço e terminou no ponto de partida.
O dia terminou com o ‘Momento Memória’, uma homenagem junto à laje na Rua Augusta, onde a 17 de outubro de 1994, “se disse não à fome, à indigência, à pobreza”.
“A fome continua a ser fenómeno no meio de nós e temos que todos os anos votar a refletir a pensar e juntos encontrar formas de fazer alguma coisa pelas pessoas que são vítima de exclusão”, acrescentou Henrique Pinto.
Junto ao Arco do Triunfo português foram também apresentados os ‘Impossible Awards’, “uma espécie dos globos do social em Portugal”, que vão ser lançados em colaboração da Câmara Municipal de Cascais, em 2019, inseridos numa “grande semana social”, nos dias 22, 23, 24 e 25 de maio.
“Os projetos de candidatura vão ter que provar que, antes de começar eram uma impossibilidade, foram capazes de dar a volta e do impossível”, explicou Henrique Pinto.
O Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza surgiu por iniciativa do padre francês Joseph Wresinski, a 17 de outubro de 1987 e foi instituído pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em 1992.
CB/OC