Sínodo 2024: Papa sai em defesa da unidade da Igreja

Francisco convida a superar fixação no «próprio ponto de vista», para deixar espaço ao Espírito

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 09 out 2024 (Ecclesia) – O Papa apelou hoje à defesa da unidade da Igreja, apelando à superação de posições centradas apenas no “próprio ponto de vista”, para trabalhar “de forma sinodal”.

“O Espírito Santo nem sempre realiza a unidade de forma repentina, com intervenções milagrosas e decisivas, como no Pentecostes. Fá-lo também – e na maior parte dos casos – com um trabalho discreto, respeitoso dos tempos e das diferenças humanas, passando pelas pessoas e pelas instituições, pela oração e pelo debate. De forma sinodal, diríamos hoje”, referiu, durante a audiência pública semanal, que decorreu na Praça de São Pedro.

A intervenção de Francisco acontece no momento em que o Vaticano acolhe, até 27 de outubro, a segunda sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, dedicada ao tema da sinodalidade, que procura concretizar as indicações do processo lançado em 2021, com a ajuda de uma consulta global a milhões de pessoas, pelas comunidades católicas.

“Todos desejam que a unidade ocorra, mas em volta do seu próprio ponto de vista, sem pensar que a outra pessoa à sua frente pensa exatamente a mesma coisa do seu próprio ponto de vista. Desta forma, a unidade simplesmente afasta-se”, advertiu.

A unidade do Pentecostes, segundo o Espírito, é alcançada quando nos esforçamos por colocar Deus, e não a nós próprios, no centro. A unidade dos cristãos também se constrói assim: não esperando que os outros cheguem até nós onde nós estamos, mas caminhando juntos em direção a Cristo”.

 

A reflexão do Papa evocou o relato do Pentecostes, no livro dos Atos dos Apóstolos – o primeiro do Novo Testamento depois dos quatro Evangelhos – e várias passagens que mostram “o Espírito a trabalhar pela unidade”.

“Por um lado, empurra a Igreja para fora, para que possa acolher um número cada vez maior de pessoas e de povos; por outro lado, recolhe-o em si para consolidar a unidade alcançada. Ensina-a a estender-se na universalidade e a reunir se na unidade”, precisou.

Francisco recordou as tensões provocadas pela expansão étnica e geográfica do Cristianismo, nas suas primeiras comunidades, dando como exemplo o chamado Concílio de Jerusalém, no qual se conseguiu “garantir que a universalidade alcançada não comprometia a unidade da Igreja”.

“Peçamos ao Espírito Santo que nos ajude a ser instrumentos de unidade e de paz”, concluiu.

Na saudação aos peregrinos de língua portuguesa, o Papa saudou um grupo de Alfândega da Fé.

“Deixo votos que cada um de vós seja um artesão de unidade, onde quer que se encontre, mas sobretudo no seio da família. E, no caso de encontrardes dificuldades, lembrai-vos que podeis contar sempre com o apoio do Espírito Santo: Ele nunca nos falta”, disse.

Francisco convidou todos a rezar o Rosário “todos os dias”, pela paz.

“A Maria, nossa mãe carinhosa, confiamos o sofrimento e o desejo de paz dos povos que sofrem a loucura da guerra, em particular da martirizada Ucrânia, da Palestina, de Israel, de Myanmar, do Sudão”, apelou.

OC

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