Sínodo 2019: Assembleia chega ao fim com proposta de Rito Amazónico

Foto: Agência ECCLESIA/Arlindo Homem

Cidade do Vaticano, 25 out 2019 (Ecclesia) – Os participantes no Sínodo especial para a Amazónia vão discutir até sábado o texto do documento final que vai ser entregue ao Papa, com propostas como a criação de um Rito Amazónico, entre outras.

O texto é votado na última reunião (congregação) geral, com início marcado para as 16h30 deste dia 26 (menos uma hora em Lisboa), sendo apresentado em espanhol e traduzido em português, francês, inglês e italiano.

Os padres sinodais presentes votam em segredo, com “placet” (aprovação) ou “non placet”, cada um dos números do documento final; a aprovação depende de uma maioria de dois terços de votos favoráveis.

Embora tenham participado nas três semanas de trabalhos, não têm direito a voto os especialistas convidados, os auditores e auditoras ou os delegados fraternos representando outras igrejas cristãs.

O texto é entregue ao Papa, que decide sobre a sua publicação; Francisco pode ainda redigir uma exortação apostólica pós-sinodal.

Na Igreja Católica existem os ritos latinos (tendo por base o rito romano e admitindo as variantes dos ritos ambrosiano, hispânico e outros, como o bracarense) e ritos orientais (especialmente o bizantino); várias Igrejas orientais em comunhão com Roma admitem a ordenação sacerdotal de homens casados, mas não é consentido casar depois da ordenação.

Na conferência de imprensa desta tarde, a irmã Inés Azucena Zambrano (Colômbia), declarou que as mulheres tiveram uma “participação muito ativa” nesta assembleia sinodal e criticou a “demonização” das tradições amazónicas.

Já o padre Miguel Heinz, presidente da ‘Adveniat’, fundação da Conferência Episcopal da Alemanha, que apoia projetos pastorais e solidários na América Latina, sublinhou a oportunidade de trazer as “inquietações dos indígenas” até ao mundo ocidental.

O religioso verbita referiu ainda a presença constante, durante os trabalhos, dos “mártires da Amazónia”.

D. Evaristo Pascoal Spengler, prelado de Marajó (Brasil), falou aos jornalistas da “presença decisiva das mulheres” nas comunidades católicas da Amazónia, pedindo que esse papel seja reconhecido com um “ministério oficial”.

Questionado sobre se a eventual ordenação diaconal de mulheres não seria contrária à tradição católica, que reserva o sacerdócio aos homens, o responsável católico recordou que em 2009, Bento XVI alterou o cânone 1009 do Código de Direito Canónico, criando uma distinção neste campo: “Aqueles que são constituídos na ordem do episcopado ou do presbiterado recebem a missão e a faculdade de agir na pessoa de Cristo Cabeça; os diáconos, ao contrário, sejam habilitados para servir o povo de Deus na diaconia da liturgia, da palavra e da caridade”.

O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia consultiva de representantes dos episcopados católicos, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

Esta assembleia de bispos, iniciada a 6 de outubro, foi anunciada pelo Papa a 15 de outubro de 2017, para refletir sobre o tema ‘Amazónia: Novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral’.

OC

A região pan-amazónica tem uma extensão de 7,8 milhões de km2, incluindo áreas do Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa; dos seus cerca de 33 milhões de habitantes, 3 milhões são indígenas pertencentes a 390 grupos ou povos.
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