Ser cuidadora informal: «Com um ano de vida fizemos o luto de um filho saudável», Sílvia Artilheiro Alves – Emissão 21-04-2022

Sílvia Artilheiro Alves foi cuidadora informal do seu filho, que faleceu com 16 anos. Num processo que teve início quando o João tinha apenas um ano, Sílvia e o marido foram aprendendo a cada passo a aceitar e a cuidar de um filho que tiveram de descobrir.  Esta é a história da relação de uma mãe e do seu filho mas é também a história «da» relação que Sílvia elege como a primeira e a principal da sua vida.

«Com um ano de vida tivemos de fazer à pressa o luto de um filho saudável mas foi com naturalidade porque eu estava lá e vi tudo a acontecer»;

2Quando as pessoas dizem «Porquê a mim?» eu pergunto, porque não a mim? Quando a doença acontece, pode parecer fácil falar porque o sofrimento físico não era meu – às vezes, porque muitas vezes sentia como se fosse meu – mas porque não a mim? A nós? Se o meu filho nunca me fez duvidar disso, quem sou eu, sozinha, para duvidar? Eu não consigo explicar como é que aceitei a doença do meu filho mas aceitei a cada passo. Senti-me sempre reconfortada, apesar de haver alturas em que estava aflita com o seu estado de saúde”;

«O João participou de todas as decisões que havia a tomar sobre a sua morte. Ele tinha consciência da doença grave e sabia que não estaria connosco muito tempo. Ele escolheu onde queria morrer, as músicas que deveríamos ouvir ou não. Nós íamos fazendo as perguntas e ele ia dizendo o que queria ou não»;

«Eu abandono-me nas mãos de Deus, quando sinto que se está a aproximar o desespero, seja por que motivo for, ou a doença do João, o quadro demência da minha mãe, a falta de trabalho, faço o que a minha mãe me ensinou a fazer – entregar-me nas mãos de Deus. Não é uma relação qualquer a minha relação com Deus, é a relação, e dela partem todas as relações. A minha fé saiu reforçada, por mais que seja difícil este tempo sem ele fisicamente comigo».

 

 

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