Media: Pronunciamentos da Igreja devem defender primeiro a pessoa e depois a doutrina

Misericórdia e comunicação foi um tema em debate nas II Jornadas Práticas de Comunicação Digital

Fátima, Santarém, 01 abr 2016 (Ecclesia) – O autor do livro sobre o Papa Francisco “O Grande Reformador” afirmou que a comunicação na Igreja deve primeiro defender a pessoa, “a vítima”, e depois a doutrina.

Para Austen Ivereigh, a imagem da Igreja nos media é frequentemente negativa porque os pronunciamentos que se produzem nos meios de comunicação social não manifestam “misericórdia para com as vítimas”.

“Quando quiseres explicar a opinião da Igreja, quando quiseres responder a uma crítica à Igreja, não comeces com a doutrina, com o desejo de defender o ensinamento da Igreja porque vai sublinhar a marca do farisaísmo”, sugeriu o jornalista, autor do livro sobre o Papa Francisco “O Papa Francisco”.

Para Austen Ivereigh é necessário reformular o ponto de partida, acentuando primeiro situações de sofrimento e de “proximidade à vítima”, à “realidade humana”.

"Só é possível apresentar o ensinamento e a doutrina da Igreja depois de se demonstrar a misericórdia de Deus”, sustentou.

Austen Ivereigh, co-fundador do projeto ‘Catholic Voices’ e ex-diretor de assuntos políticos da Arquidiocese de Westminster, confirmou que metodologia comunicativa “funciona”, mesmo que possa “provocar incómodo” nos comunicadores da Igreja e parecer uma “deslealdade”.

“É muito difícil humanamente a misericórdia. A misericórdia parece injustiça”, referiu, dando como exemplo o facto de Jesus ter sido crucificado.

“Só refletindo, avançando na vida espiritual e na oração aceitando que a misericórdia é a justiça de Deus podemos compreender”, indicou.

Austen Ivereigh deu como exemplo o desenrolar dos trabalhos no Sínodo dos Bispos sobre a Família onde parecia que mostrar “demasiada misericórdia num contexto do relativismo” poderia parecer uma traição à doutrina da Igreja

“Existe um farisaísmo dentro da Igreja, dentro de nós”, acentuou.

Numa conferência sobre “Misericórdia como chave da comunicação católica: as lições de Francisco, Austen Ivereigh disse que o estilo do Papa confirma que a comunicação na Igreja tem de “defender a vítima” mais do salvaguardar “a doutrina”.

PR

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