Lisboa: Cardeal-patriarca sublinha empenho da Igreja na luta contra abusos sexuais

Homilia do Domingo de Páscoa convida a confiar nos sinais da ressurreição, «mesmo quando tudo parece contrariá-la»

Foto: Patriarcado de Lisboa

Lisboa, 09 abr 2023 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa sublinhou hoje que a Igreja Católica em Portugal está empenhada na luta contra os abusos sexuais, admitindo que a crise provocada por estes casos foi o momento mais difícil, na sua década à frente da diocese.

“Creio que [a questão dos abusos sexuais foi o momento mais difícil] para todos. Na Igreja e na sociedade portuguesa, este tipo de acontecimentos tão trágicos e tão negativos é para todos nós uma preocupação. Mas pronto, temos de resolver a preocupação, apoiando quem sofreu e resolvendo as coisas de maneira a que não se repitam”, disse D. Manuel Clemente aos jornalistas, após a Missa do Domingo de Páscoa, a que presidiu na Sé de Lisboa.

O responsável adiantou que será o próprio Papa a tomar uma decisão sobre a possibilidade de receber as vítimas de abusos sexuais durante a próxima Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que decorre na capital portuguesa, de 1 a 6 de agosto.

“Isso é uma decisão que o próprio Papa tomará, mas nós estamos muito atentos a tudo isso, dando o apoio todo possível a cada uma das 21 dioceses portuguesas e fazendo tudo quanto está na nossa mão para que as coisas não se repitam, para que quem sofreu seja apoiado e para que as condições e o tratamento das crianças e jovens sejam outros”, assinalou o cardeal português, citado pela Renascença.

Lembrando os últimos 10 anos, em que esteve à frente do Patriarcado de Lisboa, D. Manuel Clemente disse que “foi uma década preenchida com o dia a dia e, também, com momentos altos que memorizam as pessoas e nos dão esperança”.

O atual patriarca completa 75 anos de idade a 16 de julho, pelo que deverá apresentar a sua renúncia ao Papa, como determina o direito canónico.

Na homilia da Missa de Páscoa, D. Manuel Clemente convidou os fiéis a interpretar os sinais da ressurreição de Jesus Cristo, mesmo “quando tudo parece contrariá-la”.

“Saibamos interpretar e partilhar os sinais da ressurreição de Cristo mesmo quando não aparecem imediatamente e quando tudo parece contrariá-la. É desta forma que a fé vence o mundo, começando por nos convencer a nós. A simples razão não nos basta. A fé não dispensa a razão, a luz que Deus igualmente nos concede, mas abre-lhe um horizonte novo, que é a medida infinita de Deus”, declarou.

O cardeal-patriarca sustentou que só a fé explica “como neste preciso momento, em situações dificílimas, em tantos lugares da Terra, haja cristãos que não desistem de afirmar a vida e alimentar a esperança”.

A homilia, divulgada online, evocou os testemunhos de vítimas de “perseguições, explorações de refugiados e maus-tratos de guerrilheiros e fanáticos”, que estiveram no centro da Via Sacra de Sexta-Feira Santa, no Coliseu de Roma.

Foto: Patriarcado de Lisboa

O responsável apontou ainda à JMJ 2023 e à presença de milhares de jovens, em Lisboa.

“Num mundo onde há tantos sinais de morte e desesperança, eles divisam e anunciam a novidade de Cristo, que definitivamente as ultrapassa. São uma verdadeira oferta pascal da parte do Ressuscitado, que estou certo ressuscitará a muitos e rejuvenescerá a nossa Igreja também”, afirmou.

OC

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