JMJ 2023: Encontro de Lisboa é «oportunidade a não perder», diz especialista

Padre Rossano Sala falou aos padres das dioceses do sul de Portugal sobre a importância de fazer da Pastoral Juvenil um «laboratório» de renovação

Albufeira, 17 jan 2023 (Ecclesia) – O padre Rossano Sala, secretário especial do Sínodo dedicado aos jovens, em 2018, disse hoje em Albufeira que a próxima Jornada Mundial da Juventude (JMJ) é uma “oportunidade” para a Igreja e a sociedade em Portugal.

“É acima de tudo, uma oportunidade a não perder, não só a nível dos conteúdos e novas práticas, mas sobretudo a nível de estilo, de modo de proceder, de caminho partilhado com os jovens”, declarou o salesiano italiano, na jornada anual de atualização do clero do sul, que reúne participantes das dioceses do Algarve, Beja, Évora e Setúbal.

O conferencista é professor da Universidade Pontifícia Salesiana de Roma e foi secretário especial da XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos (2018), sobre o tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”; é também consultor da Secretaria-Geral do Sínodo dos Bispos.

A intervenção, sobre o tema ‘Jovens evangelizadores dos Jovens. O repto da JMJ 2023’, destacou que cada Jornada Mundial da Juventude é um “laboratório eclesial de renovação”.

A próxima edição internacional da JMJ vai decorrer em Lisboa, de 1 a 6 de agosto de 2023, após ter sido adiada um ano, por causa da pandemia de Covid-19.

Para o sacerdote italiano, este encontro é “um dom, uma graça, antes de ser um desafio”, que vai permitir a todos experimentar, “concretamente, a sinodalidade da Igreja e na Igreja”

O padre Rossano Sala alertou para o risco de fazer da JMJ um “evento separado da vida”, “isolado”, tanto na Igreja como num mundo marcado pela guerra e as consequências da pandemia.

O risco de que a JMJ seja “um momento de fé fechado e autorreferencial” ou “expressão de uma Igreja eurocêntrica ou intercultural”.

“Através de que gestos criativos podemos dinamizar a abordagem estrutural da JMJ, que tem sido substancialmente idêntica desde a sua invenção, em meados dos anos 80?”, questionou.

Imagino que, ao nível da Igreja Universal, a próxima JMJ em Lisboa será o grande sinal de renascimento e recuperação após a difícil experiência da pandemia, de um arco-íris de aliança reconfirmada com Deus e entre os homens”.

O responsável assinalou o risco de que o encontro seja uma “bolha” estranha à “vida concreta” dos jovens que vão participar, recomendando a criação de “espaços de proclamação e catequese que não sejam unidirecionais”.

A JMJ, prosseguiu, deve respeitar o “contexto da vida normal dos jovens de hoje”, que é intercultural e multirreligioso, promovendo ainda o diálogo entre gerações.

A intervenção apresentou reflexões que retomaram o percurso sinodal feito com os jovens entre 2016 e 2019, por iniciativa do Papa.

“A JMJ é uma experiência de comunidade, de comunhão de fé”, indicou o conferencista, para quem os jovens são “sentinelas e sismógrafos” da realidade e suas mudanças.

OC

‘Igreja Sinodal, uma Igreja atenta aos Sinais dos Tempos’ é o tema iniciativa, iniciada esta segunda-feira, que reúne cerca de 70 participantes, entre bispos, padres e diáconos das Dioceses do Algarve, Beja, Évora e Setúbal, num encontro organizado pelo Instituto Superior de Teologia de Évora (ISTE).

O último dia de formação conta com quatro oradores: a irmã Luísa Almendra, diretora da Cátedra de Estudos Bíblicos Judaicos e Cristãos da Universidade Católica Portuguesa (UCP), apresenta ‘Reflexões dos sábios de Israel sobre a juventude’; o cónego Mário de Sousa, professor de Novo Testamento no Instituto Superior de Teologia de Évora, reflete sobre ‘Sinodalidade e unidade no Novo Testamento’; o padre Carlos Carneiro, sacerdote jesuíta, apresenta ‘Pastoral Juvenil e Pastoral Vocacional: caminhos paralelos ou comunhão pastoral?’; e o padre Vicente Hernández, diretor espiritual do Seminário Maior de Évora, vai ‘Sonhar a Pastoral das Vocações num clima Sinodal’.

Os participantes vão ainda refletir sobre os ‘Desafios do universo juvenil à Igreja em Portugal’, com o cónego Eduardo Duque, sacerdote da Arquidiocese de Braga e professor na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais no Centro Regional de Braga da UCP.

Igreja: «Maior obstáculo à renovação eclesial é constituído pela resistência à mudança» – Cardeal Mario Grech

 

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