Primeira beatificação na história da Diocese de Viseu
A beatificação da Ir. Rita Amada de Jesus (1848-1913) terá lugar em Portugal, numa cerimónia presidida pelo Cardeal José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos. A decisão foi revelada à Agência ECCLESIA pelo Bispo de Viseu, D. António Marto, que definiu esta matéria com a Secretaria de Estado do Vaticano na sua passagem por Roma, para participar no Sínodo dos Bispos. A beatificação, decidida ainda no pontificado de João Paulo II e adiada por causa da morte do Papa polaco, deverá ocorrer na primavera de 2006. Inicialmente marcada para o passado dia 24 de Abril, a primeira beatificação na história da Diocese de Viseu segue, agora, as novas normas para estas cerimónias determinadas por Bento XVI. Na Nota pastoral que escreveu para esta ocasião, D. António Marto considera que “figuras como a da Madre Rita são para nós um sinal de esperança neste tempo complexo e confuso que atravessamos”. “O seu testemunho de vida é um apelo e uma provocação a sair da mediocridade de vida, a viver a nossa fé e o nosso testemunho cristão com maior intensidade”, aponta. João Paulo II promulgou a 20 de Dezembro de 2004, no Vaticano, o decreto no qual se reconhece um milagre atribuído à intercessão da Ir. Rita Amada de Jesus. Esta decisão abriu o caminho à beatificação da fundadora do Instituto Religiosa das Irmãs Jesus Maria José. Segundo D. António Marto, esta beatificação é o coroar de um longo processo iniciado em 1991, pelo bispo de então, D. António Monteiro. “Representa 13 anos de caminho, de investigação, de escuta das testemunhas, de ponderação dos exemplos e das palavras de Madre Rita para chegar à proclamação da heroicidade das suas virtudes, em 20 de Dezembro de 2003, por João Paulo II e, depois, à aprovação do milagre para a beatificação, em 20 de Dezembro de 2004, a saber “a cura rápida, perfeita e estável” de um senhora atingida, por doença mortal, acontecido no Brasil em 1989, por intercessão de Madre Rita”, relata. Rita Lopes de Almeida nasceu a 5 de Março de 1848, em Casalmendinho, Ribafeita, Diocese de Viseu. As religiosas do Instituto que fundou recordam dela uma herança de “amor às crianças, aos jovens, à família, e à dignidade da mulher”. No dia 24 de Setembro de 1880, a Madre Rita fundou em Gumiei, Portugal, o primeiro Colégio, marco inicial do Instituto Jesus Maria José, “que se identifica na Igreja pelo anúncio do Evangelho da conversão e a vivência da espiritualidade de Nazaré”. O Instituto religioso tem como objectivo principal “o zelo pela reabilitação de homens e mulheres de vida menos exemplar, a educação de crianças abandonadas e jovens”. Em 1912, com a Implantação da República e as perseguições religiosas subsequentes, o Instituto foi forçado a parar a sua actividade, e a Irmã Rita, que entretanto adoptara o nome de Rita Amada de Jesus, decidiu enviar algumas religiosas para o Brasil. A congregação foi-se instalando e fortalecendo no Brasil, onde se encontra actualmente a casa-mãe, no Estado de São Paulo. Em Portugal, o Instituto voltou à actividade em 1935 e encontra-se representado, além de Ovar e Viseu, também na Covilhã, com infantários, casas de acolhimento de crianças em risco e lares-escola. O Cardeal José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, destacou o trabalho da Religiosa em prol “das crianças mais pobres” e explicou na cerimónia de promulgação do decreto que reconhece um milagre à intercessão da Ir. Rita de Jesus que “apesar das dificuldades, o Instituto das Irmãs de Jesus Maria e José estendeu-se para diversas localidades e sobreviveu às condições políticas adversas, transferindo-se para o Brasil”.
