Igreja/Sociedade: Associação Promotora da Criança aposta na educação de menores há 160 anos

Cardeal-patriarca de Lisboa participou na celebração do aniversário e destacou uma «obra feita na humildade» das Irmãs de Santa Catarina de Sena

Sintra, 31 mai 2019 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa disse hoje que a Associação Promotora da Criança é uma “obra feita na humildade e assim persistiu”, numa Eucaristia pelos 160 anos da instituição ligada às Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena.

“Uma obra que não dando nas vistas, e isso é bom sinal, quer dizer que é coisa séria, e que vive por si, ultrapassando regimes e crises, com bom propósito e bom espírito consegue sobreviver, é uma boa lição”, afirmou aos jornalistas à margem da celebração em Rio de Mouro.

Segundo D. Manuel Clemente, a atual Associação Promotora da Criança, fundada por Teresa de Saldanha (1837-1916), “é muito demonstrativa do que é que as boas obras e as persistências conseguem realizar”.

A jovem aristocrata, destacou, “é uma figura de Portugal”, sobrinha do Marechal Saldanha, que se sensibilizou para o “problema da infância e da falta de formação, educação, instrução, sobretudo das raparigas, das moças”.

A Associação Protetora das Meninas Pobres, atualmente Associação Promotora da Criança, foi fundada em 1859 quando Teresa de Saldanha ainda era leiga; depois, inspirada pela espiritualidade Dominicana, participou na restauração a vida religiosa em Portugal, fundando a Congregação das Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena, em 1868.

Para o cardeal-patriarca de Lisboa, a persistência desta instituição centrada na caridade é um bom sinal para os tempos, “para quem o queria ver”, uma vez que na tradição cristã anda-se “em torno de um sinal que foi muito pouco reparado na altura: “Quem é que deu por Jesus há 2 mil anos entre Nazaré e Jerusalém?”

“Muito pouca gente e os que deram não foi com bom sentido. A verdade geralmente é simples, vale por si e não tem parangonas, nem as antigas, nem as modernas”, desenvolveu, no único centro que a instituição atualmente tem em Portugal, em Rio de Mouro (Sintra), quando em 1910 eram mais de 30 escolas por todo o país e ilha da Madeira.

A irmã Maria Celina Laranjeiro, presidente da direção da Associação Promotora da Criança, afirmou que continuam “a desenvolver a ação educativa da Madre Teresa de Saldanha”, desde há 160 anos atravessaram “várias épocas e respondeu a diferentes necessidades da população”.

“Começou por ser escola primária, casa de bordados e costura, que na altura era educação que se dava às meninas, depois durante muitos anos foi também um posto médico – com vacinação, pensos, pesagem de bebés, assistência às crianças – com sócias que eram enfermeiras e ensinavam as mães a fazer o cuidado das crianças”, contextualizou em declarações à Agência ECCLESIA, realçando que também havia a catequese e o ensino religioso.

A Irmã Dominicana de Santa Catarina de Sena explicou que atualmente são uma IPSS – Instituição particular de Solidariedade Social – com berçário, creche e jardim-de-infância.

“Mantém os estatutos originais adaptados à legislação atual. Os corpos gerentes são eleitos e confirmados em assembleia-geral, e trabalham gratuitamente”, assinalou a irmã Maria Celina Laranjeiro, na Quinta da Raposa, que é um “belo espaço” que as crianças “têm para o crescimento saudável e seu desenvolvimento”, que foi oferecida quando a associação fez 100 anos.

Para a Congregação das Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena este projeto “é sempre” visto com “muito carinho”, uma vez que “é uma forma de dar continuidade ao espírito de Madre Teresa de Saldanha e à sua obra pedagógica”.

Para além da Eucaristia, o 160.º Aniversário da Associação Promotora da Criança foi assinalado com uma exposição fotográfica e diversas maquetes sobre os anos de vida desta instituição.

CB/PR

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