Igreja/Património: Especialista desafia a superar cultura de «portas fechadas»

Giulia Privitelli interveio nas I Jornadas de Pastoral, que reúnem 70 responsáveis ligados aos Bens Culturais

Foto: Agência ECCLESIA/CB

Leiria, 18 out 2024 (Ecclesia) – Giulia Privitelli, da rede internacional ‘Pedras Vivas’, disse hoje em Leiria que é preciso superar uma cultura de “portas fechadas” nas igrejas e no património católico, ajudando as pessoas a encontrar-se com a beleza.

“Que imagem se dá uma pessoa que passa em frente a uma porta fechada? Não se pode entrar, não se pode ver o que está lá dentro, e o objetivo de manter as igrejas abertas é descobrir a beleza que está lá dentro”, referiu à Agência ECCLESIA a especialista, convidada das I Jornadas de Pastoral promovidas pelo Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja (SNBCI), que decorrem no Museu de Leiria.

“Mas não se trata apenas de ficar lá com a beleza que se vê com os olhos, mas com o que essa beleza pode incutir no coração”, acrescenta.

Giulia Privitelli apresentou uma conferência com o tema ‘Adorning, adoring, a-door-rings: living stones and a sense of mission’ (Adornar, adorar, uma porta toca: Pedras Vivas e um sentido de missão, em tradução livre)

A especialista maltesa, formada em História da Arte e em Teologia, sublinha a necessidade de ajudar pessoas “a entrar, a dar esse passo” ao encontro do património”.

“Se houver alguém que possa ajudar a entrar, para descobrir o lugar, pode acontecer um diálogo”, assinala.

Estas jornadas inserem-se na comemoração do Dia Nacional dos Bens Culturais da Igreja, que é celebrado anualmente a 18 de outubro, dia do evangelista São Lucas, padroeiro dos artistas.

A iniciativa tem mais de 70 inscritos, com representantes de todas as dioceses portuguesas.

Giulia Privitelli destaca a “oportunidade” que uma porta aberta pode representar, na “vida quotidiana”, para quem passa diante de uma igreja, defendendo que cada espaço seja “acessível a todos”.

Este é o trabalho desenvolvido pela rede internacional ‘Pedras Vivas’.

“Muitas vezes as pessoas não estão à espera de encontrar uma igreja aberta, na verdade, às vezes nem sequer sabem qual é o edifício. Portanto, é descobrir algo, não estar à espera, a surpresa de ver um lugar que não só é bonito, mas também pode dar-nos uma sensação de paz, de calma, que é muito diferente do que encontramos na rua”, indica a entrevistada.

A especialista trabalha em Amsterdão, nos Países Baixos, sustentando que é “possível surpreender”.

“Toda a gente está à procura de alguma coisa. Toda a gente”, realça.

Muitas vezes pensamos na arte nas paredes de uma igreja como algo que pertence ao passado, que talvez não tenha nada a dizer-nos hoje. Mas a verdade é que estas imagens são intemporais. Se uma conversa pode começar pelo simples facto de olharmos juntos para o mesmo objeto, a conversa torna-se então sobre a nossa história, sobre a nossa vida, sobre quem somos”.

O programa inclui comunicações de Carla Varela Fernandes, chefe de divisão para a Rota das Catedrais do Património Cultural-Instituto Público; de Sandra Maria do Vale, do Arquivo Diocesano de Bragança-Miranda; de Eva Raquel Neves, do Museu Diocesano de Santarém; de Maria Isabel Roque, da Universidade Católica Portuguesa (UCCP); de Graça Maria Nóbrega Alves, diretora Museu de Arte Sacra do Funchal; e do cónego Joaquim Félix de Carvalho, da Faculdade de Teologia da UCP.

O encerramento das Jornadas está a cargo de Fátima Eusébio, seguindo-se uma visita à exposição ‘Corpus – Ritualidade, Forma e Presença’, conduzida por Marco Daniel Duarte, Departamento do Património Cultural da Diocese de Leiria-Fátima.

Além das jornadas, o SNBCI promove, entre esta tarde e manhã de sábado, uma sessão de trabalho do Conselho Nacional, com apresentação dos resultados de um inquérito sobre Bens Culturais da Igreja, em Portugal.

O Conselho Nacional dos Bens Culturais conta com responsáveis diocesanos, convidados e membros de dois grupos de trabalho: para a conservação e restauro; para os museus e projetos expositivos.

CB/OC

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