As Igrejas cristãs da Europa iniciaram, na passada semana, o processo que irá desembocar na realização da III Assembleia Ecuménica Europeia (Sibiu, Roménia, Setembro de 2007), tendo como objectivo “a renovação e a unidade”. Isso mesmo foi assumido por 150 delegados de 44 países, na primeira etapa desta “peregrinação ecuménica” que, simbolicamente, decorreu em Roma. Presente neste momento especial esteve D. Manuel Felício, Bispo da Guarda, em representação da Conferência Episcopal Portuguesa. O prelado refere à Agência ECCLESIA que a III Assembleia Ecuménica Europeia (AEE3) pretende assumir-se como “uma peregrinação eclesial, de fé, não apenas de quem vai a Sibiu, mas de quem não podendo ir, partilha esta caminhada dos cristãos rumo à grande meta que é a unidade”. No final desta etapa romana da AEE3, os participantes levaram consigo uma vela, para “iluminar as suas nações e comunidades”. Os representantes das várias Igrejas e Comunidades eclesiais sublinharam, nos trabalhos, que é importante perceber que o melhor modo de caminhar juntos é “a amizade, o reconhecimento fraterno em Cristo, com as mesmas esperanças e desejos”. Assumir as diferenças e trabalhá-las com frontalidade foi a receita apresentada para o compromisso “num caminho comum” que procura, segundo comunicado hoje divulgado pelo Conselho das Conferências Episcopais da Europa, “criar um clima de confiança recíproca e de compreensão, trabalhando e rezando em conjunto”. Após a etapa de Roma, o caminho para a cidade romena de Sibiu passa por uma série de encontros nacionais e, posteriormente, uma reunião em Wittemberg, Alemanha (Fevereiro de 2007). Assim, os promotores pretendem passar por locais especialmente ligados à tradição católica, protestante e ortodoxa. Portugal ecuménico Relativamente à etapa seguinte, em Portugal, D. Manuel Felício lembra “a tradição de encontros nacionais entre as Igrejas, também no mundo jovem, além das dioceses com comissões ecuménicas”. “Temos de valorizar as realidades que já estão criadas e promover outros, para que a preocupação com o diálogo ecuménico entre Igrejas e comunidades de diferentes tradições se possa aprofundar”, explica. Nesse sentido, os temas propostas para a preparação da AEE3 em cada país abordam problemas concretos, com base na Carta Ecuménica. Entre eles contam-se os desafios no diálogo com as outras Religiões – nomeadamente o Islão, a salvaguarda da natureza, o futuro da Europa, os novos movimentos migratórios ou a globalização. “Todos estes temas são problemas humanos, gerais, de convicções, pelo que têm de ser preocupações de fundo para as várias comunidades cristãs”, assinala o Bispo da Guarda. Relativamente aos frutos desta AEE3, D. Manuel Felício mostra-se esperançado na obtenção de “posições comuns dos cristãos sobre os grandes problemas da Europa, após uma análise responsável”. “A novidade principal estará num contributo dos cristãos, em unidade, sobre cada um dos pontos de que falei”, aponta. Para o prelado, vogal da Comissão Episcopal para a doutrina da fé e o ecumenismo, “é importante que os cristãos, com as suas convicções humanistas e motivados pelos valores do Evangelho, possam contribuir para melhorar a sociedade”, mostrando que o ecumenismo “não é só uma questão teórica”. “Espero que também em Portugal haja pronunciamentos conjuntos sobre cada um destes temas, que marcam o dia-a-dia da nossa gente”, conclui.
