Igreja: Catequese interpretada em Língua Gestual Portuguesa promove inclusão e integração

Projeto está a ser divulgado em paróquia de Lisboa e em Braga

Lisboa, 27 fev 2018 (Ecclesia) – A Paróquia de Telheiras, no Patriarcado de Lisboa, está a preparar Catequeses para a comunidade surda, um serviço de acolhimento e inclusão que está a ser divulgado e partiu da iniciativa de uma catequista, com acolhimento imediato do pároco.

“Acarinhei com alegria a ideia tal como o fará qualquer pároco que tenha a sorte de ter uma pessoa com esta sensibilidade”, disse o padre João Paulo Pimentel à Agência ECCLESIA.

A ideia e da Catequese em Língua Gestual Portuguesa (LGP) foi da catequista Catarina Sampayo, que estudou até ao nível 5 na Associação Portuguesa de Surdos de Lisboa.

A ideia da catequese para surdos surgiu quando ainda frequentava o nível 4 e realizou entrevistas a surdos onde abordaram o tema da religião e “a maior parte era ateu”.

“Até podiam frequentar a igreja com os pais, mas «ir à Missa era fazer exercício físico sentar, levantar, sentar, ajoelhar»”, desenvolveu Catarina Sampayo.

O pároco de Telheiras adianta que, quando a catequese começar, e para já, vão ocupar-se das crianças que “devem receber as primeiras noções de catequese”.

«Vem conhecer Jesus e a Sua Igreja nas aulas de Doutrina Católica em Língua Gestual Portuguesa», lê-se no material de divulgação da catequese para a comunidade surda que está prevista realizar-se à sexta-feira, entre as 17h50 e as 18h25, na igreja de Nossa Senhora da Porta do Céu.

Para o padre João Paulo Pimentel, a nova catequese “tem muita importância” pelo serviço direto às crianças com deficiência auditiva, aos seus pais que “sabem” que o seu filho “deve poder crescer na fé com o auxílio de toda a Igreja” e inserir-se numa comunidade cristã e “como sinal para a paróquia”.

A diretora do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência da Igreja Católica em Portugal, Isabel Vale, considera que o exemplo de Telheiras “é importantíssimo, uma boa prática” que é “uma pequena semente”.

“Vemos como uma abertura de coração e disponibilidade mostra que, para Jesus, cada um de nós é único. A Catequese para um pequeno grupo afirma que não quer e não pode deixar ninguém de fora”, comenta.

Em declarações à Agência ECCLESIA, Isabel Vale alerta para a “invisibilidade e ocultação” da deficiência quer a nível social, quer na Igreja e “só divulgando as boas práticas”, por mais pequeninas que sejam, “poderão outras começar a ter visibilidade e a iniciar-se um caminho de inclusão”.

No último sábado, a Basílica dos Congregados, na Arquidiocese de Braga, começou as sessões de catequese de adultos com a ajuda de um interprete de Língua Gestual Portuguesa.

O reitor, o padre Paulo Terroso, informa que tiveram a participação de 16 surdos no primeiro de 15 encontros, que se realizam quinzenalmente; no final, alguns dos catequizados vão receber o sacramento da Confirmação (crisma).

na Paróquia da Sé, em Faro, uma criança surda frequenta a catequese e é a sua mãe que interpreta em LGP.

Ana Cabral Faria, responsável na equipa Diocesana da Catequese de Coimbra, recorda que nos anos 80, do século XX, teve oito crianças surdas profundas com “grandes dificuldades de adaptação escolar e muito menos integradas nas paróquias”.

A resposta da então vereadora da Educação e Transportes, na Câmara Municipal de Penacova, foi levar as crianças ao Núcleo de Diminuídos Auditivos de Coimbra e “acabaram por ser também integrados nas catequeses paroquiais”.

CB/OC

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