Igreja: Arcebispo de Braga quer uma «Igreja de portas escancaradas» e em caminho sinodal

D. José Cordeiro falou aos jornalistas e contou que já “tocou a fragilidade” nestes dias

Foto: Bruno Luís Rodrigues/SDCS

Braga, 12 fev 2022 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga, D. José Cordeiro, falou aos jornalistas depois da cerimónia da tomada de posse, pediu ajuda à comunicação social para ser “fiel ao Evangelho”, já “tocou a fragilidade” nestes dias e quer uma “Igreja de portas escancaradas”.

“Nestes dias em Braga já toquei a fragilidade, estive no centro de saúde e hoje na casa sacerdotal, antes numas irmãs com o carisma de cuidar dos doentes para aliviar os cuidadores informais, surpreendeu-me esta atitude da igreja samaritana que é para desenvolver e há tantas boas práticas nesta arquidiocese”, sublinhou na conferência de imprensa.

D. José Cordeiro referiu o Santuário do São Bento da Porta Aberta, existente na arquidiocese de Braga, que “tem de ser iluminador para o trabalho pastoral” e defende uma “Igreja de portas escancaradas”.

“Houve um jovem que me escreveu e me disse: não se esqueça dos pobres e dos jovens, a palavra marcou-me profundamente, a caridade faz parte da íntima natureza da Igreja, a arquidiocese tem como plano pastoral, do caminho sinodal à luz do bom samaritano, e para continuar, a Igreja é chamada a fazer o bem sempre e sobretudo a quem precisa dela”.

“Consciente da complexidade da sua missão”, D. José Cordeiro assegura que uma “visita pastoral vai ser uma das primeiras tarefas”, depois de proceder ao roteiro conjuntamente, “escutando as pessoas que estão nas realidades”.

Assumindo a “predileção especial” pelos pobres, doentes, reclusos, pelas periferias existenciais, sociais e geográficas, o arcebispo de Braga recordou a Bula Papal da sua nomeação com o lema “apascenta as minhas ovelhas”.

Com a diocese de Bragança-Miranda para trás, de onde as “saudades são muitas”, o prelado conta com a ajuda do arcebispo emérito, D. Jorge Ortiga, que “mostrou disponibilidade e quer continuar a servir a arquidiocese”.

“A arquidiocese tem na sua tradição dois bispos auxiliares e esperemos o mais breve possível o segundo bispo auxiliar”.

D. José Cordeiro ficou “surpreendido” com a presença de tantos “cidadãos brasileiros e de outras nacionalidades” o que assinalou ser “um desafio para todos”, porque onde estão as pessoas é onde são “chamados a acompanhar, aproximar e caminhar conjuntamente”.

Questionado para um olhar sobre a precariedade do trabalho, desemprego e juventude, o arcebispo mostrou intenção de se reunir com a comissão diocesana Justiça e Paz para “promover um trabalho de reflexão e presença concreta” e uma “enorme vontade do caminho da sinodalidade” para “escutar mais do que ouvir”.

A arquidiocese de Braga é composta por 552 paróquias, sendo uma em Ocua, Moçambique, “uma boa prática que honra e responsabiliza a arquidiocese” como considera o arcebispo.

“Dizer 552 paróquias é com a de Ocua, gostava de visitar tão brevemente quanto possível, uma boa prática da arquidiocese de Braga que nos honra e responsabiliza, que seja mais e melhor esta relação de construção do bem comum e da paz; já contactei com alguns padres e leigos que ali fizeram missão e tudo isto nos impele ainda mais à missão e é para isso que a Igreja existe, para evangelizar”, apontou.

Quanto à questão da pedofilia na Igreja, D. José Cordeiro assumiu que “a sociedade chegou tarde e a Igreja também chegou tarde” mas a “tempo de juntos cuidar das feridas”, com “seriedade, justiça e caridade” para com as vítimas e famílias.

Depois de tomar posse este sábado, o novo arcebispo – nomeado pelo Papa a 3 de dezembro de 2021 – vai iniciar o seu Ministério Pastoral na Arquidiocese de Braga este domingo, na Sé de Braga, às 16h00.

SN

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