História: «Portugal como nação é vontade e desígnio de Deus» – D. Rui Valério

Bispo das Diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança presidiu à Missa que comemorou os 880 anos da Batalha de Ourique

Foto Agência ECCLESIA/LFS, Castro Verde

Castro Verde, 25 jul 2019 (Ecclesia) – O bispo da Diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança afirmou na homilia da Missa de comemoração dos 880 anos da Batalha de Ourique que Portugal não é “um mero projeto humano”, mas “desígnio de Deus”.

D. Rui Valério lembrou que a Batalha de Ourique foi “uma obra prima de estratégia” de D. Afonso Henriques e do seu Exército e também uma batalha que “gerou uma pátria-nação e um sentimento nacional” e “operou o maravilhoso milagre de estabelecer uma ponte com o céu”.

“Refiro-me ao famoso milagre no qual D. Afonso Henriques terá vivido uma intensa experiência religiosa, vendo surgir no firmamento um radioso Crucifixo, cujos raios de luz plasmavam a nossa amada bandeira”, afirmou

O bispo da Diocese das Forças Armadas referiu-se à experiência fundante de Portugal com sendo “a principal referência, tantas vezes evocada nos momentos de crise nacional”, nomeadamente em Ourique (século XII), Aljubarrota (século XIV) e por ocasião da Restauração (no  século XVII).

“A ideia de milagre repropõe-se incansavelmente nas narrativas fundacionais, quando um novo ciclo de vida nacional se anuncia”, afirmou D. Rui Valério.

Para o bispo da Diocese das Forças Armadas, o “português é alguém que sente o apelo da autossuperação” e “pressente a inata capacidade de ir além das dificuldades e dos escolhos que em todas as épocas vai encontrando”.

“O mistério, tão arreigado nos mitos e nas narrativas nacionais, é também a faceta que nos impele a sermos peregrinos do Infinito e do eterno, sedentos do que está para além do finito e do temporal”, referiu D. Rui Valério.

“Temos aqui, porventura, uma linha de explicação para o facto de o cristianismo haver sido uma das linhas civilizacionais mais preponderante na moldagem da cultura nacional e da nossa identidade enquanto portugueses”, acrescentou.

O bispo da Diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança referiu também o serviço como marca dos cristãos e da identidade nacional, a partir de um espírito ecuménico e da capacidade de acolher o estrangeiro ou o desconhecido.

“Ser português é ser ponto de encontro dos outros, de modo a que se sintam na própria casa ainda que estejam longe do seu lar originário”, afirmou.

D. Rui Valério sublinhou ainda que “o amor à liberdade” define a identidade nacional, referindo que “o pior que pode ser feito a um português genuíno é amarrá-lo, privando-o da tão amada liberdade ou da capacidade para gerir o seu destino”.

“Enquanto livres, damos o melhor de nós próprios. Não deixando de ser vasos de barro, a nossa condição parece transfigurar-se sempre que ousa assumir livremente os compromissos que a nação lhe lega. Porque somos habitados por uma grandeza e uma força que, não sendo nossas, a nós pertencem”, afirmou.

D. Rui Valério presidiu à Missa das comemorações dos 880 da Batalha de Ourique, que hoje se assinala; as cerimónias decorreram em Castro Verde e foram organizadas pela Câmara Municipal de Castro Verde, em conjunto com a Direção de História e Cultura Militar e o Regimento de Infantaria nº 1 de Beja, para recordar um dos momentos marcantes para a proclamação do Reino de Portugal e do Reinado de D. Afonso Henriques.

PR

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