França/Eleições: «A Europa não se esqueceu dos seus valores», afirmou presidente da CEP

D. José Ornelas e D. Américo Aguiar comentam os resultados da segunda volta das eleições francesas

Foto EPA/Lusa

Beja, 08 jul 2024 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa disse à Agência ECCLESIA que os resultados das eleições francesas são “boas notícias”, sublinhando que “a Europa não se esqueceu dos seus valores”.

“Eu acabo de escutar e, portanto, não tenho nem sequer uma análise e os dados para fazer grandes comentários. Parece-me que, a confirmarem-se, estes valores são uma prova de que, realmente, a Europa não se esqueceu dos seus valores”, disse D. José Ornelas ao fim da tarde desde domingo, em Beja, após a Missa de ordenação episcopal de D. Fernando Paiva.

De acordo com as projeções e os resultados apurados, a segunda volta das eleições legislativas francesas apontam para uma vitória da coligação dos partidos de esquerda, “Nova Frente Popular”, que terá assegurado entre 177 e 198 lugares na Assembleia Nacional, e a aliança centrista, “Juntos”, do presidente francês Emmanuel Macron, conseguirá o segundo grupo de deputados, entre 152 a 169; em terceiro lugar está o partido que venceu na primeira volta, a “União Nacional”, que conquista entre 135 e 143 lugares no Parlamento Francês.

Para o presidente da CEP, os resultados nas eleições francesas mostram que a Europa “está preocupada com muitas situações” e, por vezes, “procura soluções que não são soluções”.

“O bom senso tem acabado por reinar, na maioria dos casos”, indicou

D. José Ornelas espera que sejam trilhados “sempre caminhos de entendimento para revitalizar os valores de uma Europa que luta por valores sérios e não simplesmente por pseudovalores ou reações extemporâneas e descabidas que não vão melhorar a situação”.

Para o cardeal D. Américo Aguiar, é “muito importante” acompanhar “o respeito o pronunciamento dos povos quando são chamados a eleições”, lembrando as eleições no Reino Unidos, as francesas e as próximas nos EUA, onde se registam “movimentos para um lado e para o outro”.

“Acho que, à Igreja, não lhe cabe fazer juízos sobre se há direita, se há esquerda, se há extrema-direita, se há extrema-esquerda, desde que tudo aconteça dentro daquilo que é o quadro da democracia e dos valores da democracia”, afirmou.

O bispo de Setúbal referiu-se a possíveis “sinais vermelhos”, “alertas laranjas de um lado e do outro”, aos “projetos” e “sonhos” da extrema-direita e a “uma campainha de alarme de uma coligação de toda a esquerda”.

“Sem fazer juízos sobre ninguém, o que é certo é que deve ser assim: o povo é chamado às eleições, a decisão do povo é soberana e, se estavam todos contentes na semana passada, devemos continuar todos contentes nesta semana, ou seja, saber ler os resultados e agora, de acordo com a lei francesa, constituir o Parlamento e guiar a França para o futuro.

D. Américo Aguiar lembrou que “o futuro da França implica o futuro da Europa e o futuro de Portugal”, recomendando “toda a serenidade”.

“Já sabemos que, quando se pinta com extremos, é lógico que não é o caminho que, pelos vistos, o povo francês acaba por sinalizar”, afirmou.

De acordo com as projeções e os resultados apurados, nenhuma das forças políticas francesas consegue maioria absoluta entre os 577 membros da Assembleia Nacional para formar governo com maioria absoluta.

PR

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