Fátima: D. José Ornelas pede que «todos tenham aquilo que é preciso», evocando migrantes e refugiados

Peregrinos rezaram por «políticas de hospitalidade» e pelos que «deixam os seus países, fugindo da violência ou da miséria»

Foto: Santuário de Fátima

Fátima, 13 ago 2024 (Ecclesia) – D. José Ornelas, bispo de Leiria-Fátima, rezou hoje na Cova da Iria para que todos tenham o necessário para a sua vida, desafiando os peregrinos a “criar um mundo novo e melhor”.

“Rezemos para que o nosso país, esta nossa Europa, para que o mundo se torne de facto uma habitação acolhedora, para que todos tenham aquilo que é preciso para a sua peregrinação na terra”, disse o responsável católico, no final da peregrinação internacional de agosto, ao Santuário de Fátima, perante milhares de pessoas.

“Rezemos, sobretudo, pela paz, porque este é realmente uma das marcas deste santuário”, acrescentou o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).

A celebração, na Cova da Iria, integra a Peregrinação Nacional dos Migrantes e Refugiados, no âmbito da 52.ª Semana Nacional das Migrações, promovida pela Igreja Católica em Portugal, com o tema ‘Deus caminha com o seu povo’.

O bispo de Leiria-Fátima agradeceu ao presidente da peregrinação, D. Virgílio Antunes, bispo de Coimbra, “pela sua presença e pela sua palavra”.

“Todos nós partimos na peregrinação da vida, na peregrinação dos nossos afazeres, do nosso futuro, da construção da nossa família, dos nossos países, deste mundo. Somos peregrinos e Maria veio acompanhar essa peregrinação, acompanhando três crianças, para nos ensinar que é precisamente que precisamos de ser guias, acolhedores, cuidadores desses que mais precisam”, observou.

O presidente da CEP recordou a passagem do Papa Francisco pela Cova da Iria, em agosto de 2023, por ocasião da visita a Portugal e da celebração da JMJ, e a sua referência à Capelinha das Aparições como “imagem da casa da Mãe”, sem “muros” e que acolhe todos.

D. José Ornelas falou aos mais novos, pedindo que tenham o “gosto de encontrar gente diferente e dar as mãos”, para construir “um mundo melhor e em paz”.

Foto: Santuário de Fátima

Durante a celebração desta manhã, os participantes foram convidados a rezar por diversas intenções, que evocaram os perigos de um “nacionalismo indiferente à sorte dos mais pobres”, para pedir “políticas de hospitalidade que abram as sociedades”.

A oração recordou ainda as comunidades de portugueses e lusodescendentes espalhadas pelo mundo e todos os que “deixam os seus países, fugindo da violência ou da miséria”.

A tradicional saudação aos doentes esteve a cargo de Eugénia Quaresma, diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM).

“Rezemos pelas políticas de saúde, pelos acordos de cooperação para que sirvam o bem comum com justiça e não se detenham nas fronteiras e nos egoísmos”, apelou a responsável.

A diretora da OCPM desejou que a Senhora de Fátima ajude todos a ser “artífices de proximidade e de relações fraternas”.

O Santuário de Fátima anunciou a presença de 23 grupos organizados de peregrinos, dois de Portugal e 21 estrangeiros, de 12 países.

A Missa, com a bênção dos doentes e a procissão do adeus, encerra as celebrações da peregrinação internacional.

Cumprindo uma tradição iniciada há 84 anos por um grupo de jovens da Juventude Agrária Católica de 17 paróquias da então diocese de Leiria, haverá a tradicional oferta de trigo.

Ao longo do ano de 2023, foram oferecidos ao Santuário de Fátima 5635 quilos de trigo e 477 quilos de farinha.

O bispo de Leiria-Fátima agradeceu estas ofertas: “Que o Senhor vos recompense por este dom e que nunca deixe que vos falte na mesa aquilo de que precisais”.

OC

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