Angra: Diocese vai encerrar fase diocesana do primeiro processo de beatificação de uma açoriana

Sessão solene de clausura do processo de Maria Vieira realiza-se no dia de Todos-os-Santos

Angra do Heroísmo, Açores, 28 out 2024 (Ecclesia) – A Diocese de Angra vai encerrar formalmente a fase diocesana do processo de beatificação/canonização da serva de Deus Maria Vieira, esta sexta-feira, dia 1 de novembro, pelas 16h00 locais, na igreja Matriz de São Sebastião, na ilha Terceira.

“No último ano encerrámos a recolha; elaborámos a publicação dos autos e formalizámos a não existência de culto; foi um trabalho árduo desenvolvido por várias pessoas que agora chega ao fim na diocese”, disse o promotor de Justiça do processo de beatificação/canonização da serva de Deus Maria Vieira, ao portal diocesano ‘Igreja Açores’.

Maria Vieira da Silva, uma jovem terceirense de 13 anos, era natural da paróquia de São Sebastião, e foi brutalmente martirizada por defender a preservação da sua virgindade até à morte, a 4 de junho de 1940.

O cónego Hélder Miranda Alexandre explicou que procuraram “eliminar tudo aquilo que fosse subjetivo e pudesse adulterar a verdade dos factos”, toda a recolha “foi avaliada para ver se faltava algum documento” e, sobretudo, se poderiam “com toda a seriedade evidenciar que não há culto organizado ou chancelado pela Igreja”.

“Maria Vieira já estará no Céu, acredito eu, mas não foi proclamada a sua santidade pela Igreja e esta questão de não existência de culto é crucial para que o processo possa seguir, isto é, não podem existir elementos cultuais em torno desta consideração que o povo possa ter por esta mulher que, desde o seu martírio, entrou no coração das pessoas. Há uma devoção pessoal, privada, mas não existe qualquer culto público”, desenvolveu o sacerdote.

Após a sessão de clausura (encerramento) da fase diocesana, o processo de beatificação/canonização da serva de Deus Maria Vieira vai ser enviado ao Dicastério das Causas dos Santos da Santa Sé, onde vai ser estudada a documentação; o promotor de Justiça realça que quando o processo for para Roma “há muito trabalho ainda a fazer”, os açorianos, por exemplo, “têm de rezar muito” para que possa ser considerada venerável e depois beata.

O programa da sessão de clausura, esta sexta-feira, dia 1 de novembro, Solenidade de Todos os Santos, na igreja Matriz de São Sebastião, começa às 16h00 locais, com uma conferência do investigador Ricardo Madruga da Costa, membro da Comissão Histórica que juntou os testemunhos e a documentação relativa à fama de Santidade de Maria Vieira, o momento da assinatura dos vários intervenientes, e a intervenção do bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues, “o primeiro a enviar para Roma um processo de beatificação instruído na diocese”.

O portal online ‘Igreja Açores’, da Diocese de Angra, informa que o processo de beatificação/canonização da serva de Deus Maria Vieira, que faleceu no dia 5 de junho de 1940, percorreu três episcopados, em 2018, o então bispo diocesano D. João Lavrador deu indicações para o processo avançar, com a nomeação da Comissão Histórica e da Comissão Teológica, numa nota pastoral com data de 2 de fevereiro, “tendo o parecer favorável da Conferência Episcopal Portuguesa e o nihil obstat da Sagrada Congregação para as Causas dos Santos”.

O postulador desta causa o cónego Manuel Carlos Alves destacou que o trabalho desenvolvido “garante que todos os passos necessários à organização do processo foram dados com fidelidade”.

“Este processo foi relativamente fácil porque a Maria Vieira morreu com pouca idade, o que fez com que não existissem documentos da sua  autoria que fosse  necessário estudar do ponto de vista da ortodoxia teológica”, acrescentou o reitor do Santuário do Senhor Santo Cristo, observando que a “demora” na abertura do processo “dificultou a recolha de maior número de testemunhos”.

Maria Vieira, filha de Júlio de Sousa da Silva e de Isabel Vieira da Silva, casal católico que incutiu nos seus filhos o amor a Deus e aos irmãos, desde cedo aprendeu a colocar toda a sua vida ao serviço da vontade divina. Aos seis anos frequentava a catequese, ministrada pelo pároco, o padre Joaquim Esteves. Fez a primeira comunhão e a comunhão solene, rezava todos os dias o terço em família e era cumpridora dos princípios e orientações da fé católica.

CB/OC

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