Encontro das Famílias: «Impacto dos leigos foi muito maior do impacto de padres ou bispos a discursar» – Ricardo Perna (c/vídeo)

Vaticanista português destaca que principal novidade foi novo itinerário de preparação para o Matrimónio

 

Lisboa, 30 jun 2022 (Ecclesia) – Ricardo Perna, jornalista da Revista ‘Família Cristã’, acompanhou o “intenso” 10º Encontro Mundial das Famílias (EMF) no Vaticano, que se realizou de uma forma inédita, e destacou o itinerário de preparação para o matrimónio e o formato com “uma forte componente testemunhal”.

“O formato escolhido foi dar uma forte componente testemunhal e não ter muita teoria. Dos 63 oradores, 59 eram leigos casados, o impacto dos leigos foi muito maior do impacto de padres ou bispos a discursar”, disse  à Agência ECCLESIA.

O jornalista explica que houve, ao mesmo tempo, “uma componente formativa e uma componente testemunhal”, e recorda que o secretário do Dicastério para os Leigos, Família e Vida (Santa Sé), o padre Alexandre Awi Mello, disse-lhe que o “testemunhal ajuda a credibilizar a teoria que se dá”, e mostrou que “há famílias no mundo que fazem aquilo que não é uma teoria pensada só num papel”.

Ouvimos testemunhos sempre de famílias que conseguiram ultrapassar as suas dificuldades, e conseguiram chegar a um bom porto. Famílias que tiveram um sofrimento muito grande, tiveram caminhos de conversão, caminhos de perdão, que efetivamente mostraram que o caminho não é fácil: O caminho é duro, mas é possível no final obter uma satisfação, uma realização, obter uma vida em família que preencha”.

Ricardo perna destaca que a principal novidade deste encontro foi o documento ‘Itinerários catecumenais para a vida matrimonial’, da responsabilidade do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, que foi publicado no dia 15, uma semana antes do início do 10.º Encontro Mundial das Famílias.

“Aproveitou-se para o expor, para falar, e deixar este desafio das delegações da Pastoral Familiar pudessem levar, adaptar, e organizar para que a preparação para o matrimónio, parecendo uma coisa muito pequenina, específica, pode representar uma mudança completa na forma da Igreja acompanhar as famílias, trabalhar com elas e ainda acompanhar para a vida familiar”, desenvolveu o vaticanista.

Foto Ricardo Perna/Família Cristã

O Encontro Mundial das Famílias 2022, de 22 a 26 de junho, realizou-se de forma multicêntrica, nas dioceses católicas por todo o mundo, e no Vaticano, com dois mil delegados de Conferências Episcopais e dos movimentos internacionais empenhados na Pastoral Familiar.

“Essa foi uma das primeiras novidades. Este encontro foi ainda muito influenciado pela pandemia e optou-se por este formado multicêntrico. Foi uma experiência nova, formato novo, interessante, porque teve algum impacto no resto do mundo”, observou Ricardo Perna, em entrevista emitida hoje no Programa ECCLESIA (RTP2).

O jornalista, que esteve em serviço especial para a Agência ECCLESIA no EMF, explicou que os responsáveis do Vaticano “ficaram satisfeitos” com este formato porque tiveram “feedback de muitos países” que fizeram ligações em direto às conferências, à Missa com o Papa Francisco, e promoveram ações próprias, como em várias dioceses de Portugal.

“Foi uma primeira experiência, acho que vai ser possível aprender muito para eventos futuros”, acrescenta, indicando que a comunicação foi unidirecional do Vaticano para o resto do mundo, com a exceção de uma ligação “com uma família ucraniana que deu o seu testemunho”, logo no primeiro dia, no Festival das Famílias, que teve a participação de Francisco.

O entrevistado realça que, habitualmente, o Papa surge no final, mas no EMF 2022, “e porque o evento foi no Vaticano”, esteve presente no início: “Ouviu os testemunhos de cinco famílias e comentou cada um, o que trouxe uma especificidade ao discurso muito interessante”.

‘O Amor em família: vocação e caminho de santidade’ foi o tema do EMF 2022, que se realizou um ano depois do previsto, devido à pandemia de Covid-19.

Foto Ricardo Perna/Família Cristã

A delegação de Portugal no Vaticano foi constituída pelos seis casais do Departamento Nacional da Pastoral Familiar; o presidente da Comissão Episcopal Laicado e Família (CELF), D. Joaquim Mendes; D. Armando Esteves, vogal da mesma comissão; José Francisco Cruz, secretário da CELF; a irmã Inês Senra; e o assistente nacional DNPF, padre Francisco Ruivo.

“Uma participação entusiasta, preocupada. Tivemos oportunidade de falar com eles todos os dias sobre diferente assuntos, e acima de tudo a preocupação de trazer o itinerário e todas as outras temáticas, e durante o próximo ano preparar um roteiro, juntamente com as dioceses, para perceber como se consegue melhorar a participação da pastoral familiar na vida das famílias”, recordou Ricardo Perna.

 

PR/CB/OC

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