Domingo da Palavra: Bíblia tem de sair da «prateleira» – D. Rino Fisichella (c/vídeo)

Presidente do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização explica iniciativa lançada pelo Papa Francisco

 

Lisboa, 24 jan 2020 (Ecclesia) – O presidente do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização (Santa Sé) disse à Agência ECCLESIA que a primeira celebração do Domingo da Palavra de Deus, convocada pelo Papa, é um desafio a tirar a Bíblia da “prateleira”.

“Se puder usar uma imagem, a Bíblia não deve ser um livro que está colocado numa prateleira das nossas livrarias, cheio de pó, mas deve ser, pelo contrário, um livro para a nossa vida quotidiana”, referiu D. Rino Fischela.

A celebração é assinalada pela primeira vez este domingo, a nível mundial, com a intenção de “indicar que, pelo menos uma vez, durante o ano, toda a nossa pastoral – bispos, sacerdotes, leigos, leigas, os que estão comprometidos diretamente na ação pastoral – possam desenvolver, o mais possível, esta dimensão”.

“Isto é: o primado da Palavra de Deus na vida da Igreja e também na vida de cada crente, individualmente”, precisa o presidente do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização.

O arcebispo italiano cita o Concílio Vaticano II para indicar a centralidade da Palavra de Deus e da Eucaristia, na vida de fé dos católicos, lamentando que a primeira dimensão seja, muitas vezes, esquecida.

“Deveríamos ser capazes de voltar a pegar no texto sagrado, fazendo que se torne oração, que se torne estilo de vida”, aponta.

D. Rino Fisichella recorda São Jerónimo, estudioso da Bíblia, que traduziu para o latim, segundo o qual “o não conhecimento das Escrituras é ignorância do próprio Cristo”.

Se nós não pegarmos na Sagrada Escritura, com as nossas mãos, se não lermos os textos do Novo Testamento, não teremos um pleno conhecimento de Jesus Cristo. Por isso, este domingo é uma provocação, um convite, mas também um apoio, para que possamos ser capazes de recuperar a tempo”.

No Vaticano, os participantes na Missa do Domingo da Palavra de Deus vão receber uma edição especial da Bíblia, autografada pelo Papa.

“Lê a Palavra de Deus que tens entre as mãos e escuta a voz do Senhor que te indica o caminho da vida. Domingo da Palavra de Deus, 26 de janeiro de 2020”, é a mensagem que Francisco escreve em cada exemplar.

Já na Praça Navona, em Roma, diferentes personalidades vão fazer a leitura continuada do Evangelho de Mateus.

O Papa Francisco preside à Eucaristia do Domingo da Palavra de Deus na Basílica de São Pedro, no Vaticano, onde estará presente uma delegação do Santuário de Nossa Senhora de Knock, da Irlanda, assim como uma imagem da “Senhora do Silêncio”, aí evocada após as aparições de 1879.

O Lecionário que vai fazer parte do cortejo de entrada da celebração é o mesmo que foi utilizado em todas as sessões do Concílio Vaticano II; no fim da celebração, o Papa vai entregar a edição especial da Bíblia a 40 pessoas que representam diferentes setores da Igreja e da sociedade.

Em setembro de 2019, o Papa Francisco divulgou a carta apostólica ‘Aperuit illis’ (‘Abriu-lhes o entendimento’) onde anunciava a instituição de um “Domingo da Palavra de Deus”, celebração anual nas comunidades católicas que visa promover a “familiaridade” com a Bíblia.

“A Bíblia não pode ser património só de alguns e, menos ainda, uma coletânea de livros para poucos privilegiados”, escreveu.

Este domingo da Bíblia já tinha sido sugerido no final do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, em novembro de 2016.

OC

 

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